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QEdu lança portal com recortes inéditos de dados da Pnad Educação

Plataforma Juventudes e Trabalho destaca desigualdades na formação da nova geração de trabalhadores brasileiros

Priscila Crispi
postado em 24/03/2024 06:00 / atualizado em 24/03/2024 19:50
Ernesto Martins, diretor executivo do Iede: dados para tomada de decisão por evidências -  (crédito: Bruno Poletti/Fundação Itaú)
Ernesto Martins, diretor executivo do Iede: dados para tomada de decisão por evidências - (crédito: Bruno Poletti/Fundação Itaú)
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Metade dos jovens que não concluíram a educação básica deixaram os estudos no ensino fundamental, e não durante o ensino médio. O dado é um dos recortes apresentados pela plataforma QEdu Juventudes e Trabalho, uma iniciativa da Fundação Roberto Marinho e da iniciativa Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a Fundação Itaú.

"Esse dado, quando você olha outras pesquisas, não aparece de maneira tão evidente, e traz uma certa reorientação, por exemplo, em relação à prioridade que nós precisamos dar ao ProJovem", afirmou Ronald Sorriso, chefe da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), durante evento de lançamento do portal, realizado em São Paulo, no início deste mês.

O Programa Nacional de Inclusão de Jovens, ProJovem, descontinuado durante gestão anterior e reiniciado pelo governo federal em 2023, destina-se a jovens de 15 a 29 anos que não terminaram o ensino fundamental. A iniciativa abarca ações multissetoriais por parte de vários ministérios e, em sua versão anterior, oferecia também uma bolsa de assistência estudantil, que não foi retomada.

Segundo Yann Furtado, coordenador geral de Políticas Educacionais para a Juventude do Ministério da Educação (MEC), porém, a intenção do governo é que pessoas que decidiram voltar a estudar por meio da EJA tenham acesso a benefícios de complementação de renda desde o ensino fundamental, com o ProJovem, até o ensino médio, com o Pé-de-meia. Este último, lançado em 2024, prevê também o atendimento a estudantes jovens e adultos, mas ainda não teve sua destinação à EJA regulamentada.

"O ministério está fechando um pacto nacional para valorização da EJA e a ideia é de que o ProJovem esteja ancorado nele, mas ainda estamos em etapa de validação entre o MEC e o Planalto", esclareceu. "Essas são políticas para 'reesperançar' esses jovens, que deixaram de acreditar na educação", completou.

Ronald informou, ainda, que a SNJ vai criar o conselho gestor do ProJovem — previsto na lei que criou o programa, em 2005, mas nunca efetivado — para supervisionar todas as frentes do programa.

 

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Fonte: QEdu Juventudes e Trabalho (foto: editoria de arte)

Inovação

Lançado durante o seminário "Juventudes fora da escola", o QEdu Juventudes e Trabalho fornece um panorama da situação de estudo e trabalho de jovens relacionada com o nível educacional, olhando para seu perfil socioeconômico, com base na Pnad Educação. Os resultados de 2023 da pesquisa, divulgados nesta sexta-feira, reforçam o cenário da série histórica, detalhada no portal.

Segundo Ernesto Martins, diretor-executivo do Iede, o principal objetivo da plataforma é proporcionar a tomada de decisão a partir de evidências por parte de atores políticos, como as levantadas durante o seminário acerca do ProJovem.

"O QEdu é um ecossistema de plataformas. Em uma, trazemos um diagnóstico nacional da educação, em outra, uma plataforma de educação comparada em cenário internacional, e, agora, com a Juventudes e trabalho, queremos olhar para além da educação e mostrar a influência dela no acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho", disse, em sua fala no seminário.

Ele pontua que a ideia é de que as desigualdades da sociedade brasileira fiquem explicitadas na plataforma. Hoje, a amostra demográfica dos dados é recortada por cor, raça e nível socioeconômico. Uma sessão de infográficos traz, ainda, dados específicos sobre jovens com deficiência, negros e indígenas, além de um panorama sobre a situação de trabalho dos jovens com curso técnico de nível médio. A plataforma está iniciando, ainda, um trabalho com o Banco Interamericano de Desenvolvimento para disponibilizar levantamentos na Amazônia.

A repórter viajou a convite do Itaú Educação e Trabalho.

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