Visão do Correio

Visão do Correio: Olhar atento aos idosos

Amanhã, vários municípios promovem o Dia D de Vacinação contra a Gripe. No ano passado, 54,9% das internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), causada por influenza, foram registradas na população 60+.

 19/03/2024 Credito: Ed Alves/CB/DA.Press. Cidades. Vacinação contra gripe. Para 60 anos ou mais - professores. Local Posto de Saude da 114 Norte.  -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
19/03/2024 Credito: Ed Alves/CB/DA.Press. Cidades. Vacinação contra gripe. Para 60 anos ou mais - professores. Local Posto de Saude da 114 Norte. - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
postado em 12/04/2024 06:00

A vacinação de públicos prioritários, especialmente de idosos, nunca deixou de ser uma preocupação de especialistas, de órgãos da saúde e de seus governantes. E não é para menos. Essa faixa etária - composta por pessoas acima de 60 anos — representou quase 66% das mortes de pacientes hospitalizados por influenza (o vírus da gripe) em 2023 no Brasil. No ano passado, 54,9% das internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), causada por influenza, foram registradas na população 60 .

Quando os idosos em questão têm idade superior a 80 anos, os números ainda estão piores: 26,7% das pessoas hospitalizadas por SRAG causada por influenza foram a óbito em 2023 por conta das complicações da doença, enquanto na faixa etária de 60 a 69 anos a letalidade chegou a 19%. Levando-se em conta que cerca de 70% de pessoas acima de 60 anos têm uma ou mais doenças crônicas, além de um maior risco de agravamento de infecções, nada mais natural que a atenção em relação a esse público seja redobrada.

Outro fator determinante para que o Ministério da Saúde concentre seus esforços no sentido de levar grupos prioritários aos postos de saúde é a baixa cobertura vacinal contra a gripe em 2023: apenas 60,6% desse público recebeu o imunizante - número considerado bem aquém dos 91% e 95% de anos anteriores (2019 e 2020).

Não há dúvidas de que a desinformação e o negacionismo com relação às vacinas tenham uma parcela significativa de contribuição para a baixa cobertura em todo o país. Levantamento publicado pela Fundação Oswaldo Cruz em 2022 mostra que grande parte da população (68,9%) ainda tem bons níveis de confiabilidade na ciência e mais de 86% dos participantes da pesquisa consideram a imunização importante para a manutenção da saúde pública. No entanto, 14% não acham as vacinas necessárias, e 46% afirmam que os imunizantes produzem efeitos colaterais que são um risco.

A enxurrada de fake news despejada especialmente nas redes sociais impactou significativamente para que as pessoas perdessem o hábito e a confiança em se vacinar. E, aqui, incluem-se todas as faixas etárias, de todas as classes sociais.

No próximo sábado (13), vários municípios brasileiros promovem o Dia D da Vacinação contra a Gripe — a exemplo de Porto Alegre (RS), Franca (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Aracaju (SE), entre outros. Fato é que nem mesmo as campanhas de divulgação e a antecipação da vacinação contra a gripe este ano - de abril para o fim de março — traduzem-se em uma cobertura vacinal exitosa.

E estamos falando da oferta de três tipos de vacinas contra a gripe no mercado brasileiro: a trivalente pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do governo federal; a quadrivalente, ofertada na rede privada; e a quadrivalente de alta dose, com uma quantidade quatro vezes maior de antígenos, justamente para atender os idosos acima de 60 anos. 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação