Brasil

"Ela não quer mais usar roupa branca", diz avó de menina apedrejada no Rio

Kátia Marinho conta que a neta de 11 anos, agredida ao sair de festa de Candomblé no domingo (14/6), passará por tratamento psicológico

postado em 16/06/2015 17:39

A menina sofreu desmaio após a agressão

Kátia Marinho, 53 anos, é candomblecista há 25 e, neste período, jamais presenciou um ato de intolerância religiosa como o apedrejamento à neta de 11 anos,no domingo (14/6). A pesquisadora acredita que as roupas usadas pela criança tenham motivado a agressão. ;Só nos identificaram porque vestíamos branco. Minha neta não quer mais usar roupas desta cor, está com medo;, conta Kátia. Ela diz que a menina iniciará um tratamento psicológico.


A vítima foi atingida na cabeça por uma pedra quando saía de um evento candomblecista em um barracão, na Avenida Meriti, Vila da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ela estava em um ponto de ônibus acompanhada de familiares e amigos, adeptos da religião afro-brasileira.


[SAIBAMAIS]A avó relembra que o homem que lançou a pedra, que segundo ela seria evangélico, teria insultado os candomblecistas antes e depois do ataque. ;Gritaram ;sangue de Cristo tem poder; quando viram o sangue dela escorrer;, lembra Kátia. Ela explica que o dano só não foi maior porque a pedra atingiu um poste antes de acertar a cabeça da criança, o que amenizou o impacto.


Testemunhas informaram à polícia que a menina sofreu um desmaio após o ataque. O caso foi registrado na 38; Delegacia de Polícia (Irajá) como lesão corporal e no artigo 20, da Lei 7.716, que caracteriza indução, incitação, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.


A 38; DP investiga o caso e procura câmeras de segurança e testemunhas que possam ajudar a identificar o agressor. A avó prestou depoimento nesta segunda-feira (15/6). Na quarta-feira (17/6), a menina passará por exame de corpo de delito e, no dia seguinte, começará o tratamento psicológico.

Mobilização
O incidente levou a avo Kátia a lançar a campanha ;Eu visto branco, branco da paz. Sou do candomblé, e você?;. Pelas redes sociais, pessoas de todo o país se solidarizam e enviam fotos com mensagens de apoio.


;Não vou me calar nem vou deixar que me impeçam de ir e vir por causa da religião ou da roupa branca;, explica Kátia. Ela conta que os candomblecistas sairão em passeata na Vila da Penha, na sexta-feira (19/6) e no domingo (21/6).

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação