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O vídeo do momento em que uma menina de dois anos vê a mãe pela primeira vez, após uma cirurgia nos olhos, emocionou o mundo nesta semana. A catarinense Nicolly Pereira nasceu cega por causa de um glaucoma congênito e só conseguiu enxergar depois de ser operada nos Estados Unidos. O caminho para conseguir o procedimento, porém, foi bastante complicado e só pode ser trilhado graças à solidariedade de desconhecidos.
Nicolly foi diagnosticada com a doença que lhe tirava a visão apenas dois dias após o nascimento. ;O pai dela estranhou ela não abrir os olhos. O pediatra do hospital que ela nasceu chamou um oftalmologista e confirmou a doença;, conta a mãe, Daiana Pereira, em entrevista exclusiva ao Correio. Para tentar estabilizar a patologia ; que não tem cura ; a menina foi operada sete vezes. O primeiro procedimento foi feito aos nove dias de vida. Nenhum deles, porém, surtiu efeito. ;Ela fez as melhores cirurgias para quem tem glaucoma, mas, no caso dela, não traziam resultados. A pressão do olho, mesmo após as cirurgias, continuava alta;, explica Daiana.
Depois de tantas operações, os médicos desacreditaram a família e deram um diagnóstico desolador. ;Pedi à chefe de glaucoma que me contasse a verdade. Ela me disse: ;O caso é raro e grave. Não sabemos mais o que fazer;. Nesse dia eu vim chorando pra casa pensando em como dar a notícia pro pai dela, de que ela nunca enxergaria, mas que o tratamento era pra toda vida, independente de ter visão ou não;, relata a mãe.
Foi no momento de maior tristeza que surgiu a esperança. ;Nessa época, eu acompanhava a página Ajude a Sofia, de uma menina que precisava de um transplante multivisceral em Miami. Então, fiz um comentário com a foto da Nicolly pedindo orações. Por conta da cor e do formato dos olhos, a imagem chamou a atenção e, em 1h, havia mais de 700 curtidas e muitas pessoas me chamando no Chat para saber do que se tratava. Uma dessas pessoas, Luciana Mendonça, decidiu criar uma página para a Ni também;.
Na página, que nasceu com o nome de Ajude a Nicolly, Daiana postava os laudos emitidos por médicos brasileiros. Quando a mãe comentou que a menina corria o risco de ter que retirar os olhos, uma brasileira que mora em Miami decidiu ajudar. ;Ela ligou para vários hospitais de lá. Em um deles, Bascom Palmer, de cinco médicos, quatro disseram não ter mais o que fazer, mas uma, a doutora Alana Grajewski, aceitou fazer a cirurgia;.
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[SAIBAMAIS]Desde o nascimento da filha, Daiana optou por não trabalhar. Ela e o marido já haviam vendido a casa e o carro para custear as despesas com o tratamento no Brasil. Por isso, para pagar a viagem aos EUA, o casal precisou contar com a ajuda de pessoas que se solidarizaram com a história de Nicolly. Em uma vaquinha virtual, eles arrecadaram o equivalente a US$ 2,5 mil dólares. Uma fundação americana resolveu doar os outros US$ 15 mil necessários para pagar o hospital. O procedimento cirúrgico foi doado, bem como os custos com alimentação e hospedagem.
A cirurgia que possibilitou que Nicolly enxergasse foi realizada em 17 de março e durou três horas. Durante a operação, os médicos descobriram que a menina também era surda, para a surpresa da mãe. ;Para que ela não passasse por duas anestesias, eles fizeram a cirurgia auditiva no mesmo dia que a ocular. Hoje, ela escuta 100%;.
Sobre o momento em que a filha a viu pela primeira vez, Daiana afirma não ter palavras. ;É difícil falar. Eu sempre vou dizer que foi Deus, porque não tem como descrever esse momento. Foi muito lindo e, às vezes, a ficha demora a cair. A gente conseguiu fazer com que esse milagre trouxesse às outras famílias muita fé e muita esperança de que nada é impossível se você força de vontade. Se eu já amava a minha filha, hoje eu amo muito mais. É uma sensação de missão cumprida;.
A menina, que voltou ao Brasil na última segunda-feira (25), ainda será acompanhada por um médico que foi para os EUA para estudar o procedimento. No ano que vem, ela volta ao país norte-americano para uma nova consulta com a doutora Alana Grajewski. Quando completar 14 anos, Nicolly deve ser submetida a um transplante de córnea para ter uma visão ainda melhor. ;O futuro da Ni vai ser como o de uma criança normal. O glaucoma está controlado, mas não está curado. O tratamento é por toda vida, até que a nossa ciência consiga trazer a cura dessa doença. Mas hoje, o que a gente passou em dois anos de luta com certeza vai ficar pra trás e ela vai ter uma infância como de qualquer outra criança;, finaliza.