Brasil

Mais de 30 presos são mortos em complexo penitenciário de Roraima

O número de mortos foi confirmado por meio de uma nota oficial da Secretaria de Justiça e Cidadania

Jacqueline Saraiva
postado em 06/01/2017 10:00
Quase uma semana após o massacre no presídio de Manaus, os corpos de ao menos 33 pessoas foram encontrados durante a madrugada desta sexta-feira (6/1) na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), que é localizada na BR-174, na zona Rural de Boa Vista (RR). O número de mortos foi confirmado por meio de uma nota oficial da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc).
Em nota, o governo de Roraima informou que nove dos 33 corpos já foram encaminhos para perícia no Instituto Médido Legal e que será realizado levantamento de identificação civil dos cadáveres junto ao IIOC (Instituto de Identificação Osvaldo Cruz).
Algumas imagens de corpos amontoados em um corredor, muitos esquartejados, e de órgãos supostamente humanos jogados no chão teriam sido divulgadas em redes sociais. Agentes penitenciários relataram que não houve fuga de presos. A entrada da unidade foi isolada no começo da manhã para intervenção da polícia.

[SAIBAMAIS]Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar foram acionados. Informações preliminares informaram que as mortes teriam ocorrido em uma ala do complexo onde funciona a cozinha. Os crimes de hoje estariam relacionados aos ocorridos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim do Amazonas. O governo do Amazonas já havia alertado Roraima sobre possíveis rebeliões e brigas entre gangues no estado.
Segundo o secretário de Justiça e Cidadania do Estado, Uziel de Castro Júnior, em entrevista à Rádio BandNews, integrantes do PCC "possivelmente tenham cometido esses crimes". Ele disse ainda que as autoridades ainda não têm a causa do ato.

A confirmação de uma nova chacina em presídio brasileiro chega em meio ao anúncio do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, dos detalhes do Plano Nacional de Segurança antecipado ontem pelo presidente Michel Temer. Ontem, o líder do Executivo classificou o episódio no Amazonas, entre os dias 1; e 2, como "acidente pavoroso" e atribuiu à empresa terceirizada Umanizzare a maior parte da culpa.

A Penitenciária Agrícola de Monte Cristo foi palco de uma rebelião em outubro do ano passado. O motim teria ocorrido após uma briga entre o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa com origem em São Paulo que comanda 90% do presídio. Ao menos dez presos morreram, três deles sendo decapitados. Os outros sete teriam tido os corpos queimados no pátio da unidade prisional. Os dois grupos eram aliados, até junho de 2016, para disputas na fronteira do Paraguai, pelo controle do tráfico de drogas.

Facções dentro e fora dos presídios

Uma reportagem hoje no Correio mostra que os massacres de presos vai além de uma rebelião. As chacinas ocorridas em Manaus e agora em Roraima demonstram a guerra instalada entre as facções criminosas mais poderosas do país e ecoa no Distrito Federal e em Goiás. O PCC tem lugar cativo, ainda que de forma tímida, no Complexo Penitenciário da Papuda e também extrapola as barreiras do presídio. Monitoramento da Polícia Civil do DF revela que os integrantes estão em Planaltina, em Sobradinho e no Gama. Mas a maior parte desses bandidos que atuam na capital federal e em Goiás mora em cidades do Entorno, como Águas Lindas, Planaltina, Valparaíso, Cidade Ocidental, Formosa e Novo Gama.

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