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No RJ, milícia movimenta R$ 300 milhões por ano e cresce mais que facções

Os grupos paramilitares exploram atividades como transporte irregular de vans, grilagem de terrenos, contrabando de mercadorias e tráfico de drogas


Levantamento do Ministério Público divulgado este ano mostra que em 2010 as milícias dominavam 41 comunidades da zona oeste. Agora, o número chegou a 88 localidades este ano. As milícias são também as principais suspeitas do assassinato da vereadora do PSOL Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em março.

O principal objetivo da operação realizada nesta quarta-feira (25/4) era, justamente, atingir o braço econômico da organização, cortando suas fontes de renda. Segundo o secretário, há informações de que as milícias já estariam atuando com facções do tráfico de drogas.

O diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital, delegado Fábio Barucke, considerou que foi "um grande baque na engrenagem das milícias". "Os milicianos visam a obter lucro diante do terror que propagam. Quando a população se vê apavorada, a milícia cobra por segurança, serviços básicos de transporte e gás, pelo ;gatonet;, por tudo."

A operação, que começou às 4h, envolveu dois helicópteros, dois blindados e mais de cem viaturas. A ação foi concentrada em Santa Cruz, na zona oeste, área de tradicional domínio da Liga da Justiça, e envolveu diversos departamentos. "A milícia atua no Código Penal inteiro", resumiu o delegado Antonio Ricardo, responsável pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. Segundo o delegado, milicianos vêm atuando até na grilagem e venda de terrenos irregulares e também na extração de barro.

Políticos

O chefe da Polícia Civil reafirmou em diversos momentos da entrevista o compromisso da corporação no combate às milícias. De acordo com as autoridades, o próximo passo será investigar a corrupção de políticos por parte da organização criminosa.

Soltura

A Justiça do Rio determinou, nessa quarta-feira, a libertação de 137 dos 159 homens presos em 7 de abril, durante uma festa na zona oeste que teria sido organizada por milicianos.

Até às 23h desta quarta, todos os presos continuavam no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. Ainda não havia, neste horário, informações sobre o procedimento de soltura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.