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Polícia Civil defende ação de PM à paisana em tiroteio em boate de BH

Instituição também suspeita que a arma, usada pelo homem durante o crime, estaria próxima ao estabelecimento; hipótese inicial apontava para um deslocamento do autor dos disparos até sua casa para buscar a pistola

Gabriel Ronan/Estado de Minas
postado em 03/07/2018 16:50
A fachada da boate Jolie
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, 3/7, para divulgar novas informações sobre o tiroteio ocorrido na boate Jolie!, na Pampulha, na madrugada de segunda. Em seu depoimento, o chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Rogério de Melo Franco, parabenizou a atuação do policial militar à paisana, que matou Pedro Henrique Vitor Silva, de 20 anos, autor dos primeiros disparos contra um segurança do estabelecimento. O profissional da casa havia expulsado o jovem da boate momentos antes do fato e os dois haviam se desentendido.

;Diferente do cidadão comum, que pode ou não interferir, o policial tem obrigação de interferir. Neste caso especificamente, ele (o cabo do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas ; Rotam) o fez e fez em defesa própria e de terceiros. Transmito pessoalmente, como chefe de homicídios, meus parabéns a esse policial;, afirmou o líder do DHPP. Segundo Rogério de Melo Franco, não houve comunicação entre o segurança alvo dos disparos e a chefia de segurança da boate, o que, para ele, é o mais indicado em casos nos quais há ameaça deste nível.

A Polícia Civil também informou que não crê na hipótese de que Pedro Henrique Vitor Silva buscou a arma do crime, uma pistola 380 milímetros, em sua casa. "Nós acreditamos que essa arma estaria próxima, em algum veículo, que é assim que a pessoa tenta proceder (em situações como essa). E, se ele tivesse ido à casa dele, ele teria tempo suficiente para refletir", explicou o chefe do DHPP, Rogério de Melo Franco.

Além da morte de Pedro Henrique, o caso deixou seis feridos e três detidos. Na manhã desta terça, a Polícia Civil ainda ouviu o dono da boate. Em nota, a Jolie! disse que ;a motivação do crime ainda não foi identificada, mas a casa encontra-se absolutamente à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários, bem como está prestando a devida assistência às vítimas do ocorrido.;

O caso

A confusão começou depois que Pedro Henrique Vitor Silva foi expulso durante uma briga. Ele saiu jurando vingança contra o segurança do estabelecimento, que o retirara do local. Pouco tempo depois, às 4h20, voltou com o rosto coberto por um capuz preto pela Avenida Pedro I disparando por todos os lados com uma pistola 380 milímetros.

Seis pessoas que já estavam do lado de fora foram atingidas, incluindo o policial do Batalhão Rotam, de 34 anos, que, segundo a Polícia Militar, estava de folga e também já tinha saído da boate. O cabo revidou e acertou o agressor quando ele tentava fugir pela mesma via. O PM levou um tiro em cada perna. O segurança foi atingido por oito disparos. As vítimas foram encaminhadas ao Hospital de Pronto-Socorro Risoleta Tolentino Neves, em Venda Nova. Pedro Henrique morreu ao dar entrada no hospital.

O PM foi transferido para Hospital Militar. O segurança da casa de shows também foi para uma unidade de saúde particular. Outros dois pacientes tiveram alta ainda na manhã de segunda, 2/7.

De acordo com informações da assessoria do Risoleta Neves, duas outras vítimas seguem internadas. Uma delas, um rapaz de 29 anos, se encontra em estado grave. Ele passou por cirurgia, mas seu estado de saúde é instável e ele ainda corre risco de morrer.

A outra vítima internada é uma jovem de 24 anos que também precisou de cirurgia, mas já não respira por aparelhos e foi transferida do CTI para o quarto.

Prisões

Pela manhã de segunda, a PM apreendeu um adolescente de 16 anos e dois homens de 26 e 27 anos, suspeitos de participação no tiroteio, quando tentavam recuperar, próximo à boate, uma moto usada no crime. Segundo relatou o menor, na madrugada, ele, que é vizinho de Pedro Henrique, na Cabana do Pai Tomás, na Região Oeste, o levou no veículo para o acerto de contas, tendo esperado o parceiro perto do viaduto da Pedro I. ;Ele contou que voltou de ônibus e que foi buscado, de manhã, pelos dois maiores para pegar a moto;, relatou o capitão Antônio Hot, da Rotam.

O autor dos disparos e o garoto têm passagem na polícia por tráfico de drogas. Os outros dois suspeitos são fichados por furto, roubo e lesão corporal. A polícia apura se o adolescente e os dois maiores de idade tiveram participação efetiva no tiroteio e, no caso dos homens, se estavam dentro da casa noturna no momento da briga.

A princípio, o adolescente não estava na boate, segundo o capitão da Rotam. ;Uma testemunha diz que um Passat preto conduzido por uma pessoa armada estava no local, no momento do tiroteio. Pode ser que o menor tenha entrado nesse carro e que os dois maiores também estivessem nele;, disse Antônio Hot.

(Com informações de Cristiane Silva e Júnia Oliveira)

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