Gabriel Ronan/Estado de Minas
postado em 10/12/2018 08:58
Socorro a vítimas de quatro atropelamentos, uma pessoa em overdose, um idoso vítima de mal súbito e um amigo contundido. Esse era o currículo do monitor escolar Marcos Henrique de Oliveira até quinta-feira (6/12), quando se tornou herói e encarou o maior desafio desde que se habilitou, em 2014, para a função de socorrista civil, a que se dedica sem qualquer remuneração, inspirado pela mãe.
Formado no 3; Batalhão do Corpo de Bombeiros de Minas, no qual se inscreveu apenas pelo desejo de ajudar pessoas em risco, ele foi o responsável por salvar, com apoio de outras duas pessoas, cinco crianças e um casal na Avenida Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Sion, Zona Sul de BH, onde uma árvore caiu sobre cinco veículos durante a tempestade, matando o motorista Ranur Pierre da Silva Carneiro, de 28 anos, que conduzia um escolar. ;Sabia que havia riscos por causa dos fios energizados. Mas eu estava de botas e as crianças, dentro da van. Agi o mais rápido possível;, conta o jovem de 22 anos, morador do Bairro Flamengo, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana.
Formado no 3; Batalhão do Corpo de Bombeiros de Minas, no qual se inscreveu apenas pelo desejo de ajudar pessoas em risco, ele foi o responsável por salvar, com apoio de outras duas pessoas, cinco crianças e um casal na Avenida Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Sion, Zona Sul de BH, onde uma árvore caiu sobre cinco veículos durante a tempestade, matando o motorista Ranur Pierre da Silva Carneiro, de 28 anos, que conduzia um escolar. ;Sabia que havia riscos por causa dos fios energizados. Mas eu estava de botas e as crianças, dentro da van. Agi o mais rápido possível;, conta o jovem de 22 anos, morador do Bairro Flamengo, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana.
O dia seguinte ao ato de coragem ficou marcado por cansaço, mas também por muitas homenagens. ;Tive dificuldade para dormir naquela noite, porque a adrenalina estava alta. Mas acordei mais tranquilo, por ter salvado as sete pessoas. Recebi muitas mensagens de familiares e amigos;, relata Marcos Henrique. O salvamento também foi lembrado pelo sargento Robson de Paula, do 3; Batalhão do Corpo de Bombeiros, situado na Avenida Antônio Carlos, onde o militar, que foi professor de Marcos Henrique, se dedica a um curso básico de primeiros socorros há mais de uma década.
Para Marcos, respeito ao código de conduta e tomada de decisão rápida marcaram o resgate das cinco crianças e dois adultos. O socorrista estava em um ônibus da linha 5106 (Bandeirantes/BH Shopping) quando percebeu o acidente. ;As pessoas gritaram e eu pedi ao motorista para descer pela porta do meio;, detalha. Ao chegar ao outro lado da avenida, ele checou as condições para o socorro e tentou se assegurar de que não havia risco. Apesar dos fios elétricos no chão, o rapaz avaliou que tanto ele quanto as vítimas contavam com isolamento e relativa segurança ; proporcionados por uma bota que ele usava e pelos carros onde as vítimas estavam ;, o que minimizaria a possibilidade de acidentes com a eletricidade. Seu principal receio era de que outras árvores caíssem.
O próximo passo foi pedir a pessoas que estavam perto que acionassem o Corpo de Bombeiros para, depois, prestar o socorro. ;O motorista da van (Ranur Carneiro) só me pedia para retirar as crianças. Os vidros já estavam quebrados pelo choque com a árvore, então retirei uma a uma. A última estava no banco da frente, com dificuldades para sair, pois estava presa ao cinto. Mas também consegui resgatá-la;, conta o socorrista. Ele conta que os pequenos foram levados à base da Polícia Militar ao lado do local da ocorrência, na Praça da Harmonia. Marcos Henrique ajudou, ainda, um casal a sair de um carro de passeio. Para isso, ele precisou quebrar o vidro do automóvel com uma cotovelada.
Ao retornar à van, a missão do jovem teve sua única baixa. ;Falei com o motorista, mas ele já não me respondeu. Depois, chequei o pulso dele e não havia resposta, infelizmente;, recorda. Ranur permaneceu no veículo até que seu corpo foi resgatado mais de três horas depois da ocorrência, já que os bombeiros aguardaram o corte de energia para iniciar os trabalhos.
O socorrista pratica artes marciais em uma academia do Bairro Bom Jesus (Noroeste) e é monitor escolar em uma instituição do Bairro Sion. A vocação para ajudar pessoas necessitadas vem de família: a mãe de Marcos também é socorrista. Eles aturam em conjunto há dois anos, quando precisaram auxiliar um homem em overdose em Contagem, na Grande BH. ;Ele estava em frente a um hospital privado, mas não queriam atendê-lo. Fomos nós que o salvamos.;
Além da morte do motorista, outra cena entristeceu o socorrista no seu dia de herói: muitas pessoas optaram por registrar a tragédia com seus celulares, em vez de ligar para os bombeiros. ;Isso não ajuda. Em todo acidente é a mesma coisa. É lamentável, pois as pessoas preferem gravar a fazer algo verdadeiramente útil;, lamentou.