Mateus Parreiras/Estado de Minas - Enviado Especial
postado em 03/04/2019 11:06
Rio de Janeiro ; O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, demonstrou não ser contrário ao uso de atiradores de elite para abater criminosos portando fuzis em vias públicas, como deseja o governador fluminense, Wilson Witzel. Nessa terça-feira (2/4), no Rio, logo após dar palestra fechada na 12; Laad Defence & Security ; a mais importante feira de defesa e segurança pública da América Latina ;, Moro não afirmou que é favor do uso desses atiradores (snipers), mas também não fez qualquer objeção à medida.
;Precisaria saber melhor a que o governador está se referindo. O fato é que um policial não precisa esperar levar um tiro de fuzil para reagir. Mas é preciso averiguar em quais circunstâncias ocorreria essa autorização para o disparo a distância;, disse, admitindo não estar familiarizado com as ordens emitidas pelo chefe do Executivo estadual. Moro também afirmou no evento que a tecnologia pode ajudar a combater o crime organizado e demonstrou confiança na aprovação do seu pacote e do projeto da nova Previdência.
A atuação do crime organizado preocupa o ministro, que encara o problema com uma necessidade de ações intersetoriais. ;Não há nenhuma dúvida de que milícias e traficantes são integrantes de organizações criminosas. Para mim, Comando Vermelho, PCC e milícias são a mesma coisa. Muda um pouco o perfil do criminoso, mas constituem uma criminalidade grave e que tem de ser combatida;, afirma. De acordo com ele, há bolsões de pobreza e comunidades em que isso se agrava devido à ausência do Estado.
;Em locais como o Rio de Janeiro há dificultadores, como o domínio territorial desses grupos. É um desafio grande que não começou de hoje. Já foram tentadas no passado algumas soluções. Para mim, parece óbvio fazer uma concentração de políticas de segurança, aliadas a políticas urbanísticas e políticas sociais;, disse. Moro destacou que a tecnologia é essencial para um setor tão importante e com dificuldade de recursos, justamente por potencializar resultados e baratear custos.
Reforma
Sobre a nova Previdência, o ministro disse que o tema é primordial. ;É um momento de conversa e de exposição aos parlamentares tanto do pacote anticrime quanto da nova Previdência. Se não equalizarmos as regras da Previdência teremos um problema fiscal e vão faltar recursos a várias áreas, como, por exemplo, à segurança pública, à educação e à saúde;, disse.
Para ele, os dois projetos têm urgência de aprovação. ;O projeto anticrime é importante, pois altera questões pontuais da segurança e da Justiça que precisam ser resolvidos. A resolução, por exemplo, por meio de lei, de (ser regra) a execução da pena em segunda instância. Com diálogo, tenho confiança de que em mais ou menos tempo, com eventuais modificações e aprimoramentos o governo vai conseguir aprovar essas medidas;, disse.
O Ministério da Justiça e Segurança é um dos apoiadores da feira e tem estande no evento, assim como a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança Pública e a Polícia Rodoviária Federal.
;Há muitas empresas trazendo opções para a área de segurança e de tecnologia. Sempre que investimos em tecnologia conseguimos diminuir custos e facilitar o trabalho dos agentes da área de segurança. Isso é muito importante e por isso precisamos acompanhar de perto;, disse.
De acordo com Moro, algumas áreas chamam mais a atenção do que outras. Uma das áreas que o ministro destacou necessitar de estar à frente na tecnologia empregada é a de segurança dos presídios. ;Têm sido avaliadas melhorias tecnológicas como as de raios X, body scam (escaneamento corporal) e inibidores de sinais de celulares. Nas outras áreas buscamos também melhoria na comunicação e soluções de informática;, citou.
Furto de pistola
Enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão participava da abertura da LAAD Defence and Security para representantes de forças de segurança do Brasil e de todo mundo, uma pistola que estava exposta no evento foi furtada. O armamento, uma Beretta 9 milímetros, estava preso por um cabo de aço para que as pessoas a manuseassem e experimentassem suas funções. De acordo com a fabricante, o equipamento não é funcional, pois dispõe apenas das peças necessárias para ser exibido.
A segurança do evento é feita pelo Exército, que registrou o ocorrido, mas não informou se algum suspeito foi identificado até o momento. O modelo levado é uma APX Comppact, que custa cerca de 400 euros. Algo em torno de R$ 1.500, sem a incidência dos impostos devidos e taxas de importação que podem fazer com que o modelo chegue ultrapasse os R$ 4 mil.