Brasil

"Fosse o contrário, eu não teria direito a fiança", desabafa mãe de Miguel

A patroa de Mirtes Renata, que estava responsável no momento por Miguel, chegou a ser presa em flagrante, mas foi liberada após pagar fiança de R$ 20 mil

Correio Braziliense
postado em 04/06/2020 16:59
Miguel, de 5 anos, morreu ao cair do 9º andar do prédio onde a mãe trabalhava como empregada domésticaA empregada doméstica Mirtes Renata Souza, mãe do menino Miguel Otávio, de 5 anos, que morreu ao cair do 9º andar de um prédio em um condomínio de luxo na Grande Recife (PE), pediu justiça para a morte do filho nesta quinta-feira (4/6). "Se fosse o contrário, eu nem teria direito a fiança", desabafou em entrevista ao jornal local NE1, da TV Globo

O nome da empregadora não foi divulgado pela Polícia Civil, mas Mirtes revelou ao noticiário que se trata da primeira-dama da cidade de Tamandaré (PE), Sari Gaspar Corte Real. O Correio procurou a prefeitura da cidade pernambucana, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

"Ela confiava os filhos dela a mim e à minha mãe. No momento em que confiei meu filho a ela, infelizmente, ela não teve paciência para cuidar, para tirar [do elevador]", disse a mãe.

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"Meu coração está sangrando pela perda do amor da minha vida. Não sinto raiva, ódio, porque a dor pela perda do meu filho está prevalecendo. Tudo o que eu quero é só justiça", disse Mirtes, emocionada. O corpo de Miguel foi enterrado na quarta-feira (3/2).

Entenda o caso

Miguel estava passando o dia no trabalho da mãe, na terça-feira (2/6), e caiu de uma altura de 35 metros enquanto estava sob a atenção da patroa de Renata. A empregada havia deixado o menino aos cuidados de Sari enquanto ia passear com o cachorro da família. 

Segundo o Instituto de Criminalística, as câmeras de vigilância do prédio registraram imagens da criança saindo sozinha do 5º andar do prédio, pegando o elevador e chegando ao 9º andar.

Na sequência, Miguel teria se dirigido ao hall de máquinas, área comum em que ficam localizados condensadores de ar-condicionado. Esta é a única parte do prédio que não é protegida por telas, e foi de onde a criança caiu. 

O primeiro atendimento ao menino foi feito pela mãe e por um médico que mora no edifício. No momento, ele ainda estava viva. O Samu chegou a ser acionado, mas quando chegou, Miguel já estava sendo encaminhado ao Hospital da Restauração, no bairro do Derby, na área central do Recife. Miguel não resistiu e morreu ainda no caminho.

Sari foi presa em flagrante e indiciada por homicídio culposo. Mas foi solta após pagar fiança de R$ 20 mil e responderá o processo em liberdade.


Repercussão

A morte do garoto causou comoção nacional. Nas redes sociais, as hashtags #justicapormiguel e #justicaparamiguel ganharam força. No Twitter, o assunto lidera os tópicos mais comentados com mais de 123 mil posts. 

Figuras como o deputado federal David Miranda (PSOL), a jornalista Manuela D'ávila, a chef de cozinha Paola Carosella e a ativista Luisa Mell aderiram à campanha em seus perfis oficiais. A última, utilizou o instagram para se pocionar sobre o caso e se colocar à disposição para pagar um advogado. 

O abaixo-assinado Justiça por Miguel vem sendo amplamente divulgado nas redes e já conta com mais 230 mil assinaturas. A ação tem como objetivo pressionar as autoridades para que o caso receba a atenção devida.

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