Brasil

Estado de Raoni piora e cacique é transferido para outro hospital de avião

Segundo os médicos, o cacique Raoni está sofrendo uma hemorragia digestiva e foi transferido para um hospital com mais recursos para exames

Correio Braziliense
postado em 18/07/2020 21:31
Segundo os médicos, o cacique Raoni está sofrendo uma hemorragia digestivaO cacique Raoni Metuktire, figura emblemática da resistência indígena no Brasil, foi transferido por avião para outro hospital neste sábado (18), informaram à AFP um de seus familiares e a ONG francesa  Planète Amazone.

"Ele está sendo transferido para um hospital da cidade de Sinop", no Mato Grosso, declarou Gert-Peter Bruch, presidente da ONG, após conversar por telefone com Megaron Txucarramae, sobrinho do cacique.

Raoni "estaria sofrendo uma hemorragia no aparelho digestivo", completou Bruch, para quem o estado de saúde do líder indígena, antes "estável", "se deteriorou durante o dia".

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Contudo, um neto de Raoni, Takakdjo Metuktire, afirmou que seu avô "está bem" e confirmou a transferência do cacique para Sinop.

Raoni foi internado na quinta-feira em um hospital privado de Colíder, a 648 km de Cuiabá, no Mato Grosso, após apresentar um quadro febril, com diarreia e vômitos.

Segundo um médico citado pela Folha de São Paulo, o hospital de Sinop não possui a estrutura suficiente para exames complexos.

"Raoni está sofrendo uma hemorragia digestiva. Somente um diagnóstico mais preciso indicará onde está localizado o sangramento", explicou o doutor Eduardo Massahiro Ono.

Afetado pela morte da esposa 

Os testes de detecção da COVID-19 realizados em Raoni deram negativo, segundo Bruch, cuja ONG organizou uma coleta de fundos para o povo Kayapó e coordena a campanha internacional do cacique.

O chefe da etnia Kayapó, com mais de 90 anos de idade, ficou debilitado após a morte da esposa, Bekwyjka, no fim de junho.

O falecimento da esposa, que esteve ao seu lado por mais de seis décadas e foi vítima de um derrame cerebral, "afetou muito o ânimo" do cacique Raoni, descreveu Bruch.

Famoso pelos coloridos cocares de plumas e o grande disco inserido no lábio inferior, Raoni viajou o mundo nas últimas décadas para aumentar a consciência sobre a ameaça que a destruição da Amazônia representa para os povos indígenas.

Desde que o presidente Jair Bolsonoro assumiu o poder, em janeiro de 2019, Raoni redobrou as denúncias de ataques contra os povos nativos do Brasil.

Em entrevista recente concedida, Raoni afirmou que Bolsonaro quer "se aproveitar" da pandemia para impulsionar projetos que ameaçam os povos indígenas, que têm um histórico de vulnerabilidade a doenças externas.

Mais de 16.000 indígenas foram contaminados e 535 morreram por causa do novo coronavírus no Brasil, segundo a Articulação de Povos Indígenas do Brasil (APIB). Os dados causam temor entre os cerca de 900.000 indígenas que vivem em diferentes regiões do Brasil.

Outro líder indígena emblemático do país, o chefe Paulinho Paiakan, morreu em junho depois de ser contaminado pela COVID-19.

Mais de dois milhões de pessoas foram contaminadas e mais de 77.000 faleceram de COVID-19 no Brasil.

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