Jornal Correio Braziliense

Cidades

Mortalidade de jovens negros no DF é 6,5 vezes maior que a de brancos

Os números revelam que, no Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca


A diferença entre número de homicídios entre jovens brancos e negros é 552% maior para as pessoas negras no Distrito Federal. Em um grupo de 100 mil, ocorrem 94,2 mortes dentro dos limites do DF. A taxa de mortalidade do jovem negro é 6,53 vezes maior do que a observada para jovens brancos. Os dados são do relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, da Unesco, em parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República. Os números revelam que, no Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca. Esse quadro estatístico mostra a mais violenta faceta de uma história que é marcada por preconceitos cotidianos: a cada 27 horas, uma ocorrência de injúria racial é registrada no DF.


[SAIBAMAIS]O estado da região Centro-Oeste, contudo, que apresenta a maior taxa de mortes de negros é o Goiás, com 108,3. No Nordeste, Alagoas tem 166,5; no Norte, o Pará, com 81,7; já o Espírito Santo é o destaque da região Sudeste, com 126,1 e, no Sul, com 71,2, o Paraná registra a maior taxa de mortalidade de brancos - único estado do país em que o número de pessoas brancas foi superior ao de negras.

Os dados são do relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014 (IVJ - Violência). Uma das conclusões é que negros, com idade de 12 a 29 anos, são as principais vítimas e estão em situação de maior vulnerabilidade à violência em quase todos os estados do país -à exceção do Paraná. Com a análise de dois períodos diferentes, o primeiro utiliza o IVJ de 2012, com dados de 2008 e atualizados com comparativos qualitativos, e o segundo, um IVJ que calcula o risco relativo de pessoas negras e brancas serem vítimas de assassinatos. Com esse indicador, é possível associar as divergências raciais à maior ou menor vulnerabilidade de cada grupo.


Portanto, apesar do DF apresentar um dos menores IVJ do país, com 0,29 - os valores variam de 0 a 1: quanto maior o valor, maior o contexto de vulnerabilidade dos jovens daquele território - possui, segundo a pesquisa, risco relativo de homicídios de negros e brancos entre os mais altos do país, com 6,5, comparado apenas ao indicador de homicídio. No entanto, se for levada em consideração a análise em um contexto mais amplo,como inserção no mercado de trabalho, renda e escolaridade, o DF é um dos territórios onde os jovens estão menos expostos à violência.


Índice nacional

No Brasil, o risco de uma pessoa negra ser assassinada é, em média, 2,5 vezes maior que de uma pessoa branca. Na região Centro-Oeste, o número de assassinatos de pessoas negras é 182% superior ao de brancas (88,6 contra 31,5). No Nordeste, a taxa de homicídios de negros é quase quatro vezes superior à de brancos (87 contra 17,4). O Norte registra número 214% superior à taxa entre jovens brancos, (72,5 contra 23,1). A região Sudeste apresenta valor 127% superior (53,2 entre negros e 23,5 entre brancos). Já a região Sul ganha destaque por apresentar a menor taxa de homicídio entre negros, como também a menor diferença entre a taxa de brancos, de 8%.

O panorama nacional mostra uma quantidade de homicídios de pessoas negras 155% maior do que a de brancas, ou seja, a violência tem sido seletiva. Segundo o relatório, esses dados ressaltam a necessidade de implementação de políticas públicas para este grupo de risco de todo o país, pois houve crescimento na quantidade de negros assassinados em praticamente todos os estados, exceto Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul.