Cidades

Venda direta de lotes deve injetar R$ 112 milhões no caixa do GDF

A Terracap definiu as regras para a venda direta e os preços dos 885 terrenos de condomínios. Quem pagar à vista terá 15% de desconto. Só poderão participar os ocupantes que não tiverem outro imóvel residencial no DF

Helena Mader
postado em 20/06/2017 06:55
O Ville é um dos mais nobres parcelamentos do DF: legalização poderá render até R$ 100 milhões ao GDF
O GDF vai retomar a venda direta de terrenos em condomínios, uma década depois do primeiro edital da Agência de Desenvolvimento de Brasília (Terracap). No próximo dia 30, a empresa lançará as regras para a negociação dos lotes do Ville de Montagne, no Lago Sul. O preço médio dos imóveis será de R$ 205,7 mil, mas haverá desconto de 15% para quem quitar a dívida à vista. Nesse caso, o ocupante pagará R$ 174,8 mil. Os moradores do parcelamento ainda tentam reduzir o valor e pretendem fazer novas reuniões com representantes do governo para tratar dos gastos em infraestrutura no condomínio. O preço final pode sofrer variações antes do lançamento do edital, mas a expectativa é de que não haja reduções expressivas nos valores.

A venda direta poderá trazer um reforço importante para o caixa do governo. O GDF estima que cerca de 10% dos ocupantes pagarão os valores à vista para usufruir do desconto. Se a previsão se concretizar, isso vai representar uma arrecadação de cerca de R$ 112 milhões com a venda direta ; com pagamento de pelo menos R$ 11 milhões à vista.
As normas da venda direta e o preço foram definidos após meses de negociações entre os moradores do Ville e a Terracap. O valor de mercado final dos lotes ficou, em média, R$ 398,9 mil. A estimativa levou em consideração os preços dos terrenos da Etapa 3 do Setor Jardim Botânico, vendidos recentemente em licitações públicas. Desse montante, a Terracap abateu os gastos com infraestrutura realizados pela comunidade, como construção de rede de energia, pavimentação, calçadas e meios-fios. O GDF abateu ainda a valorização decorrente desses investimentos, chegando ao preço médio de R$ 205,7 mil.

Variações

Esse valor é a média de terrenos de 800 metros quadrados. Haverá pequenas variações em função da localização do terreno. Lotes de esquina, por exemplo, podem custar até 5% a mais do que os imóveis de meio de quadra. O preço médio do lote de 1,7 mil metros quadrados ficou em R$ 409 mil e, para imóveis de 319 metros quadrados, R$ 102,7 mil. Os terrenos poderão ser financiados em até 240 meses pela Terracap.

Só poderão participar da venda direta os ocupantes que não tiverem outros imóveis residenciais no Distrito Federal. A expectativa da Terracap é de que 73% dos 885 lotes ocupados se enquadrem nas normas do edital. No caso dos terrenos cujos ocupantes tenham outro imóvel residencial no DF, a Terracap lançará um edital específico no fim de julho. O preço final será o mesmo, caso o morador comprove que já estava no lote em dezembro de 2016. Mas, nesses casos, a venda será feita com base nas regras da Lei 8.666/1993, ou seja, os terrenos serão licitados. Se o ganhador da licitação não for o atual ocupante, ele terá que pagar uma entrada média de R$ 193 mil, além de indenizar as benfeitorias construídas pelo ocupante.

Negociação

Lotes vazios e comerciais não serão vendidos nesta etapa. A expectativa da Terracap é lançar um edital para comercializar esses terrenos três meses após o edital de venda direta, ou seja, no fim de setembro. Nessas situações, também haverá licitação pública.

O presidente da Terracap, Júlio César Reis, diz que o avanço na venda direta só foi possível graças à negociação com os moradores e à prioridade dada à área pelo Buriti. ;Começamos um diálogo com a comunidade, que foi muito positivo. Desde que o governador Rodrigo Rollemberg assumiu, ele definiu a regularização como prioridade;, comentou Júlio César. ;No nosso entendimento, chegamos a um valor justo, que contempla descontos da infraestrutura e da valorização. A regularização permitirá que a região se torne sustentável, com investimentos complementares em infraestrutura na região, como drenagem;, acrescentou.

A Associação de Moradores do Ville de Montagne informou que contratou um consultor independente ligado à Universidade de Brasília (UnB) para analisar a tabela de valores da infraestrutura do condomínio. O documento serviu de base para o cálculo do preço final dos lotes. O especialista participará das negociações com o governo. A comunidade tem expectativa de reduzir os valores antes do lançamento do edital.


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