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Quadrilha que aplicava golpes na web pode ter causado prejuízo de R$ 60 mil

Vendedores de computadores e celulares top de linha eram os alvos favoritos dos estelionatários, que agiam no DF e em outros três estados

Seis integrantes de uma quadrilha especializada em golpes na internet foram presos, nesta quinta-feira (6/7), no Paranoá. Eles são suspeitos de buscar vendedores de celulares e computadores em um site de compra e venda, negociar o produto e forjar o pagamento das mercadorias com documentos adulterados e comprovantes falsos de depósitos bancários. Inicialmente, a polícia estima que a quadrilha tenha extorquido cerca de R$ 60 mil, mas valor ainda pode ser maior.

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Computadores, eletroeletrônicos e celulares eram os produtos mais escolhidos pela quadrilha. Só o chefe do grupo, Marcelo Bernardes, faturava R$ 7 mil por semana. Além dele, foram presos, ainda, Gabriel Santos da Silva, 18 anos; Gerson Cardoso Pereira, 21 anos; Márcia Adriana Santos, 32 anos e Eduarda Aguiar Serpa, de 19 anos. A participação de outras três pessoas ainda está sendo investigada.

A polícia identificou 11 perfis falsos utilizados pelos estelionatários. Eles procuravam, principalmente, vendedores que oferecessem computadores e celulares e davam preferência a pessoas com pouca ou nenhuma experiência em negociações na internet ou que demonstravam estar precisando de dinheiro. Escolhido o alvo, o próximo passo era confirmar a compra, pedir os dados bancários do vendedor, informar a realização do depósito bancário e enviar um comprovante de pagamento falso. Esse procedimento era feito através de uma transferência bancária tipo DOC (Documento de Ordem de Crédito), aquela em que são necessárias 24 horas para o banco liberar o crédito na conta do beneficiário.

Com o comprovante de pagamento falso, a vítima postava o produto nos Correios, a pedido do golpista, enquanto esperava o suposto crédito cair na conta. Quando o produto chegava nas mãos dos estelionatários, o contato com a vítima era cortado.

De acordo com a delegada responsável pelo caso, Bruna Eires, os golpistas ganhavam muito fácil a confiança dos vendedores ao enviar prontamente documentos pessoais e comprovantes de endereço. Ao menos 14 vítimas do grupo já foram identificadas e ouvidas pela polícia, a maior parte, moradores de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Disfarce

Para despistar a polícia, os criminosos colocavam endereços de laranjas no Paranoá e Itapoã no momento do cadastro para a entrega. Com os celulares e computadores em mãos, os golpistas usavam outros perfis falsos no mesmo site para vender os produtos para clientes do Distrito Federal. A polícia já conseguiu identificar alguns compradores que não sabiam que os produtos eram fruto de estelionato. "Nesse golpe é muito difícil identificar que o produto é fruto de estelionato, já que os golpistas repassavam os produtos inclusive com nota fiscal;, diz a delegada responsável pelo caso, Bruna Eires.


A investigação durou seis meses, período em que os criminosos foram monitorados e filmados. Eles serão autuados por estelionato e associação criminosa. Em um dos vídeos obtidos com exclusividade pelo Correio, um dos estelionatários espera a mercadoria em um dos endereços de laranjas utilizados para enganar as vítimas. Ele assina a guia de recebimento do produto e espera o carro dos Correios se afastar para também ir embora.

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Como se prevenir de golpes na internet

Em nota, a OLX informou que está à disposição da justiça para colaborar com as investigações e explicou que a atividade da empresa consiste na disponibilização de espaço para que usuários possam comprar e vender produtos e serviços, e que toda a negociação é realizada fora do ambiente do site. "Assim, a empresa não tem controle sobre as transações feitas entre os usuários. Infelizmente, algumas vezes as ferramentas da Internet são utilizadas por terceiros de má índole;, informou a empresa.

Diferentemente do e-commerce tradicional, a negociação por meio de sites como a OLX é quase sempre feita diretamente entre os usuários, sem intermédio da empresa. Esse procedimento abre margem para riscos para sua segurança, principalmente na hora de pagar. A Polícia Civil do Distrito Federal e a OLX recomendam algumas precauções para fugir desse tipo de golpe.
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1 - Comprovante de depósito impresso em caixa eletrônico não significa que o dinheiro tenha entrado na conta. Pode ter sido simulado com envelope vazio ou cheque em fundos;

2 - Outra dica da delegada é evitar fechar negócio no fim da tarde, já que as agências bancárias estarão fechadas. Se for fora do expediente, por exemplo, a agência irá conferir o depósito somente no dia seguinte;

3 - Evite transações bancárias através de DOC (Documento de Ordem de Crédito), na qual o beneficiário demora mais para ter o dinheiro na conta. Prefira transferências mais ágeis como o TED (Transferência Eletrônica Disponível), em que o crédito estará na conta em poucos minutos;

4 - Não deposite ou realize transferências de valor antes de receber o produto;
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5 - Prefira fechar negócio em um lugar público e movimentado. Sempre que possível, vá acompanhado;

6 - Nunca efetue pagamento ou entrega de produtos a "representantes da OLX". A empresa não atua nas trocas, entregas ou pagamentos que ocorrem entre comprador e vendedor.