Cidades

Menina de 4 anos faz festa de aniversário com o tema "caminhão de lixo"

Sem preconceito, Alícia não se fantasiou de princesa, mas de gari

postado em 03/09/2017 17:29
Sem preconceito, Alícia não se fantasiou de princesa, mas de gari
Em tempos de escolas que promovem o dia do ;se nada der certo;, debochando de profissões, a festa de 4 anos de Alícia Müller, de Planaltina, traz esperança. Apaixonada por caminhão de lixo e amiga dos garis que passam na casa dela todos os dias, o tema do aniversário dela não foi princesas da Disney ou personagens de desenhos, mas uma homenagem aos profissionais. A escolha do tema surpreendeu todo mundo, mas ninguém mediu esforços para realizar o desejo. ;A festa dela. Ela que escolhe;, o pai Juliano Müller, 36, engenheiro agrônomo encerra a questão.

De macacão de gari, Alícia comemorou seu quarto aniversário na noite de sábado (2). O pai, Juliano, também entrou na brincadeira, fantasiando-se da profissão. Enquanto o macacão laranja dela foi todo confeccionado pela avó paterna, ele improvisou com um macacão que usa no trabalho, incluiu fitas luminosas, e pegou um boné que Alícia havia ganhado de seus amigos garis. ;É uma profissão como qualquer outra, que eu vejo como normal, sem preconceito;, afirma a mãe, Marina Müller, 29, professora.

Segundo a mãe de Alícia, o caminhão de lixo passa de manhã e à noite em frente à casa da família. Em condições normais, os garis passariam de costas, mas, sabendo que a criança fica à espera na janela, já vêm virados para acenar e distribuir sorrisos. A avó conta que, em uma ocasião, recebeu uma ligação de Alícia por volta de meia-noite para perguntar se o caminhão de lixo já passara na casa dela. ;Eu respondi que já estava dormindo, que estava tarde. E ela respondeu bem chateada que eles não tinha passado lá;, relembra.

Alicia não quis nem saber de festa de princesa, ela gosta mesmo é de garis

Alícia é vizinha de uma pizzaria e já comprou pizza para os garis várias vezes. Como agradecimento, ela já foi levada para passear de caminhão pela quadra, além de ter ganhado o boné de presente. Eles também foram convidados para a festa e passaram rapidamente, no intervalo do trabalho, para fazer um lanche. Levaram de lembrança caixas de chocolate especialmente confeccionadas para eles. A presença fez Alicia muito feliz. Eles contaram que há outras crianças que também gostam de vê-los passar e acenam, mas não imaginam nenhum fazer uma festa como aquela.


Decoração exclusiva


Qualquer loja de festa tem artigos de enfeite do Mickey e da Minnie, da Frozen, do Carros. Nenhuma tem de lixo. A logística para a festa foi complicada, mas mãe, avó e amigas da mãe deram um jeito. Confeccionaram tudo a mão: fitas laranjas e verdes foram colocadas na parede, atrás da mesa de doces, lixeiras com os símbolos da coleta seletiva estavam em frente da mesa e os pirulitos também levavam os ícones que indicam os tipos de lixos.

Sem preconceito, Alícia não se fantasiou de princesa, mas de gari

A avó materna Márcia Caetano, 57, aposentada, até admite que tentou convencê-la a escolher outro tema, mas só por causa do trabalho que teriam para decorar. Para ela, a escolha da neta ressalta a inocência das crianças. ;É bonito ver que a criança não tem preconceito, que somos nós que vamos colocando coisas nas cabecinhas delas. Então, com essa festa, acho que estamos se esforçando;, afirma. A avó paterna, Eliza Müller, 59, estranhou a decisão, mas acha que é uma boa oportunidade de ensiná-la mais sobre reciclagem.
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