Cidades

Assassino não deu chance de defesa a aluno da UnB, mostram imagens

Câmeras instaladas na Câmara Legislativa flagraram a ação criminosa. PCDF não divulgou os vídeos, mas afirma que não é possível identificar o suspeito a partir deles. Próximo passo da investigação é procurar a bicicleta roubada

Ricardo Faria - Especial para o Correio, Renata Nagashima*
postado em 08/12/2017 15:53
Crime aconteceu na região entre a CLDF e o Palácio do Buriti
A polícia ainda não identificou nenhum suspeito do assassinato do estudante da Universidade de Brasília (UnB) Arlon Fernando da Silva, 29 anos, morto a facadas no Eixo Monumental, em frente à Câmara Legislativa do DF e a poucos metros do Palácio do Buriti. O crime é investigado como latrocínio (roubo com morte), já que a bicicleta que a vítima pedalava foi levada após a ação criminosa.
De acordo com o delegado Rogério Rezende, da 5; Delegacia de Polícia (Área Central), responsável pelo caso, a vítima não teve chance de defesa. "O cara estava atrás da árvore, com uma faca esperando ele passar. Como é quase subida, a vítima não deveria estar rápido, então ele (Arlon) passou pela árvore e o cara atacou", diz. "Ele foi pego de surpresa, pois não houve anúncio de assalto;, completa.

[SAIBAMAIS]Não há testemunha do crime. Todas as pessoas ouvidas eram amigas da vítima e falaram sobre Arlon durante os depoimentos. ;Eu acredito que foi uma questão de oportunidade. Trata-se de uma pessoa que estava ali esperando para agir. Infelizmente passou alguém, ele foi lá e atacou. Não acredito que tenha sido planejado;, completa Rezende.
Ainda segundo o delegado, não procede a informação de que as câmeras no local estavam desligadas. O Polícia Civil teve acesso às imagens captadas pelos aparelhos instalados na Câmara Legislativa do DF (CLDF), mas não as divulgou. Rezende afirma que a qualidade da gravação não é boa e que, apesar de ser possível ver o momento da ação, não há como identificar o suspeito.
Diante da falta de pistas, o próximo passo da investigação é localizar a bicicleta roubada para, a partir dai, chegar ao suspeito. "A gente vai ver se localiza a bicicleta, para quem foi vendida, se foi vendida. O estratégia é localizar a bicicleta", reforça o delegado.
O corpo ainda está no Institudo de Medicina Legal (IML) e a família de Arlon já foi notificada. A liberação depende dos familiares. O jovem é lembrado pela dedicação aos estudos e pela gentileza por amigos e conhecidos.
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Iluminação ruim aumenta insegurança

Segundo a Polícia Militar, por volta das 20h30, Arlon foi encontrado caído próximo à Câmara Legislativa do Distrito Federal, após caminhar 30 metros da ciclovia até a beira da pista. A princípio, a polícia pensou se tratar de atropelamento, mas, ao verificar a quantidade de sangue, os militares constataram que a vítima havia sido ferida a facadas.
Logo começaram as buscas na região por algum suspeito, conforme detalhou o porta-voz da corporação, major Michello Bueno. As buscas seguiram até as 5h, mas ninguém foi localizado. O militar alerta que, por se tratar de um local de pouca iluminação, a recomendação da PM é de que se evite transitar pela região à noite. De acordo com PM, Arlon levou quatro facadas - duas no braço, uma na mão e uma na axila.
O delegado Rogério Rezende faz a mesma observação: o fato de a via não ser iluminada contribuiu para o crime. "É uma ciclovia gigante, com muita vegetação ao redor, e não tem iluminação. A via tem que ser iluminada. Sem sombra de dúvida, isso é um fator que contribui para crimes como este."
Em nota, a PMDF informou que o policiamento da Via N1, na área do Museu do Índio, fica a cargo do 3; BPM (Asa Norte), já o da S1 é de responsabilidade do 7; BPM (Sudoeste). "Aquela área é rota de muitas viaturas, por termos cinco batalhões muito próximos. Por isso, é uma área de baixíssimos índices criminais", explica o texto.
"Informamos ainda que quem o localizou foi uma viatura da área em patrulhamento, que realizou os primeiros socorros e chamou o socorro médico do Corpo de Bombeiros. O número de viaturas que passam por este local é incalculável, visto que é transito de viaturas", continua a nota.
Imagem aérea captada pelo Correio mostra a região onde o ciclista foi assassinado. A ciclovia passa entre as árvores, onde o assassino se escondeu momentos antes da ação criminosa.
Região em que Arlon estava pedalando ao ser abordado e assassinado
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer


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