Ricardo Faria - Especial para o Correio
postado em 18/12/2017 09:30
A combinação entre álcool e volante deixou mais uma vítima nas pistas do Distrito Federal. Após lutar 9 horas pela vida, depois de batida envolvendo dois veículos na QNO 17 (Ceilândia), um homem morreu na manhã desta segunda-feira (18/12), no Hospital Regional de Ceilândia. Ailton da Silva Assis, 31 anos, estava no carro com a mulher, Thaynã Carvalho, 27, e o filho de 1 ano. Já o condutor do outro carro, Emanuel Batista de Sousa, 34 anos, está preso na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP). Ele fez o bafômetro e o resultado apontou a presença de 1,24 miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões. O índice é quatro vezes maior que o considerado crime.
Emanuel deve responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar. De acordo com a Polícia Militar, o teste do bafômetro foi feito no local do acidente. A PM o conduziu à 24; Delegacia de Polícia (Setor O). Não foi arbitrada fiança.
As pessoas que chamaram a polícia e os bombeiros relataram que desconhecidos tentaram agredir Emanuel depois do acidente. No entanto, o próprio condutor detido negou as agressões à Polícia Civil.
[SAIBAMAIS]Ainda não se sabe como ocorreu a batida. Parentes das vítimas relataram nas redes sociais que Emanuel teria fechado o veículo da família quando eles saíam de uma igreja. Thaynã e o filho se recuperam dos ferimentos.
Equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência estiveram no local. A mulher, de 27 anos, foi atendida com fraturas nas duas pernas. Segundo funcionários do posto onde Ailton trabalhava, o bebê sofreu traumatismo craniano, mas está fora de risco.
;Um cara sensacional;
Amigos e colegas do trabalho receberam a notícia da morte de Ailton ainda nesta manhã. O sentimento no posto de gasolina onde ele atuava como gerente era de choque. "Um cara sensacional, brincalhão, que tratava todos com respeito", elogiou o frentista Wanderley Nascimento, 21 anos. No puxador das portas de vidro da loja de conveniência do posto, fitas pretas amarradas homenageavam o funcionário.
Evangélico, Ailton dividia o tempo entre o trabalho, a família e universidade e o curso de contabilidade. Segundo os amigos, ele vivia um ótimo momento pessoal e profissional. "Ele comprou uma casa, trocou de carro e estava no último semestre do curso. Tinha muito planos para o futuro, é uma pena o que aconteceu", lamentou Tatiana Rodrigues, 41, outra gerente do posto onde a vítima trabalhava.
Mesmo com legislação dura, motoristas ainda bebem e dirigem
Nem a recente condenação da estudante que atropelou e matou um ciclista, no Lago Norte, após beber e dirigir parece ter impedido alguns motoristas de pegarem no volante embriagados. Somente em novembro, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF) autou 1.285 pessoas que dirigiam bêbadas. Isso significa quase 43 autuações por dia.
O condutor flagrado com mais de 0,33 miligramas de álcool por litro de ar expelido é responsabilizado criminalmente. Se causar acidente fatal estando bêbado, com qualquer volume no teste de alcoolemia, o motorista responde por homícidio doloso. A Justiça entende que, nesses casos, há dolo eventual. Ou seja, o autor assume o risco de matar outra pessoa ao pegar bêbado no volante.