Cidades

Sindicato e alunos protestam contra demissões em massa em cursos superiores

De acordo com o sindicato dos professores, cerca de 440 professores foram desligados. Alunos acreditam que ação precariza a aprendizagem

Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 21/12/2017 17:00
Pelo menos 440 professores do Ensino Superior e Pós-Graduação da Universidade Estácio de Sá e da Universidade Católica de Brasília teriam sido demitidos neste semestre, segundo o Sindicato dos Professores em Estabelecimento Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep). Em fevereiro de 2018, com a volta das aulas, o sindicato pretende lançar um ranking com as instituições privadas que mais demitiram no DF em 2017.


O período entre dezembro e janeiro registra, em média, 1,8mil desligamento e de profissionais em toda a rede de ensino do Distrito Federal, informou o Sinproep. Segundo Rodrigo de Paula, diretor jurídico do sindicato, vem sendo percebido que boa parte das instituições estão demitindo para tentar se adequar à reforma trabalhista e diminuir custos. ;Estamos apurando as demissões junto ao Ministério Público do Trabalho e pretendemos divulgar, em fevereiro de 2018, um ranking das instituições que mais demitiram. O objetivo é mostrar para a sociedade para que tenham a visão de quem mais está precarizando o ensino;, destaca.

A Universidade Estácio de Sá recentemente demitiu 1,2 mil professores em todo o país. A instituição nega que o plano seria demiti-los para realizar novas recontratações em 2018, com salários mais baixos e sem CLT. Segundo o Sinproep-DF, no DF foram 400 desligamentos. A assessoria de imprensa da Estácio não confirma o número, nem informa quantos profissionais foram desligados.

Segundo a instituição, as novas contratações ocorrerão exatamente no mesmo regime de trabalho dos professores que estão sendo desligados. ;Portanto, a alegação de que a companhia supostamente estaria realizando desligamentos para se beneficiar das novas regras trabalhistas não procede. Não se trata de recontratação dos mesmos professores que estão sendo desligados;, informa em nota.

Ainda segundo a instituição, a reestruturação leva em consideração a qualificação dos professores, de acordo com exigências do órgão regulador. ;A Estácio manterá o mesmo rigor na contratação de seus docentes, reafirmando seu compromisso em manter a qualidade de ensino que conquistou com muito trabalho ao longo dos últimos anos;, declara.

Mais desligamentos


Na Universidade Católica de Brasília, oito professores teriam sido demitidos apenas no curso de Comunicação Social, além de funcionários da secretária do curso.Nessa instituição, pelo menos 40 profissionais teriam sido desligados, sendo 28 do núcleo de pós-graduação da universidade. Em entrevista ao Eu, Estudante, o pró-reitor de administração da UCB, Dilnei Lorenzi, informou que não há ainda número total dos professores demitidos, e que até amanhã (22.12) mais docentes serão desligados.

Mesmo assim, a UCB nega que seja um caso de demissão em massa ou adequações ligadas à nova reforma trabalhista, que permite a contratação de terceirizados para atividade-fim. Segundo a Católica, os desligamentos ocorrem devido à crise financeira. Entre os alunos, o clima é de revolta. Eles utilizaram a página da Universidade Católica de Brasília no facebook para demonstrar o descontentamento com a decisão, publicando uma nota de repúdio e avaliando negativamente a instituição.

;Os alunos viabilizam qualidade e estudam na Universidade Católica de Brasília por haver um diferencial das demais faculdades. No entanto, as mais de 20 demissões de professores, muitos deles doutores, perdem sentido de continuar a acreditar no sinônimo qualidade. Como alunos queremos sim, que os professores continuem a exercer suas funções e somar na vida acadêmica. Se tais não continuarem, é digno da universidade baixar tamanha mensalidade, que por vez só aumenta no nível capital e diminui no nível educacional;, diz parte da nota, assinada por alunos de Comunicação Social e Educação Física.

Recém graduada no curso de Comunicação Social, a estudante Fernanda Sá acredita que as demissões não tem uma visão educacional, mas mercadológica. ;Penso que tem a ver com o momento político do país, devido à nova lei trabalhista. Ter um doutor ou um mestre no quadro docente sai muito caro, então eles optam por especialistas, o que gera maior receita para eles, mas diminui a qualidade do curso;, afirma. Grande parte dos professores demitidos do curso de Comunicação Social possuem doutorado e mestrado.

A reportagem procurou outras instituições privadas de Ensino Superior e Pós Graduação do Distrito Federal para verificar se foram registradas mais demissões. Por meio da assessoria de imprensa, o Centro Universitário de Brasília (UniCeub) informou que, no momento, não foram registrados desligamentos e que a instituição está em crescimento, abrindo novos cursos de tecnólogos.

A Faculdade Anhanguera também negou desligamentos no Distrito Federal. O Centro Universitário Euroamericano (Unieuro) e o Centro Universitário Iesb não responderam, pois se encontram em período de recesso.

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