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Todo o Distrito Federal terá coleta seletiva até o fim do ano, promete GDF

Governo recebeu aval do Tribunal de Contas na semana passada para continuar licitação da coleta seletiva. Prazo está mais de um ano atrasado em relação ao previsto pelo SLU

Lucas Vidigal - Especial para o Correio
postado em 27/02/2018 08:39
Catadores vão fazer a coleta em 10 regiões. No restante, uma empresa terceirizada é responsável pelo serviço
Toda a área urbana do Distrito Federal terá coleta seletiva até o fim do ano. Pelo menos é o que espera o governador Rodrigo Rollemberg. Ele celebrou, em evento com lideranças de cooperativas na manhã de segunda-feira (26/2), o aval recebido do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) para dar continuidade ao processo licitatório, aberto em abril de 2017. O procedimento escolherá uma empresa terceirizada responsável pelo serviço.

Apesar da comemoração, a nova data está um ano e dois meses atrasada em relação às expectativas do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). À época do início do certame, o órgão esperava que, até outubro daquele ano, a reciclagem cobriria 100% do DF. O orçamento inicial do projeto chegava a R$ 1,44 milhão.

Com o reinício da licitação, espera-se que o DF retome, enfim, a adequação à . Uma das metas da lei federal, aprovada em 2010, é o enfoque à reciclagem. O fechamento do Lixão da Estrutural, em 20 de janeiro, está no rol de medidas estipuladas pela legislação.

Catadores começam coleta seletiva em oito regiões


Na segunda-feira, Rollemberg se encontrou com presidentes de sete cooperativas que iniciam, nesta semana, os trabalhos de coleta seletiva em oito novas regiões: Itapoã, Lago Sul, Paranoá, Sobradinho, Riacho Fundo I e II, São Sebastião e Varjão. Além delas, Lago Norte e Cruzeiro Velho, que já eram atendidas pelo serviço, vão ter a área de cobertura ampliada. Cada associação recebeu investimento de R$ 32 mil do Executivo local.
Essas cidades se somam a Samambaia, Brazlândia, Santa Maria, Candangolândia e Núcleo Bandeirantes, onde as cooperativas faziam a coleta. Em outras 12, o serviço é feito por funcionários contratados por empresas terceirizadas. A diferença no caso das cooperativas é que, nelas, os próprios catadores recolhem o lixo reciclável. Alguns deles já trabalhavam para as cooperativas contratadas pelo GDF. Outros atuavam no Lixão da Estrutural.

Chefe do SLU pede ;mudança de cultura;

Rollemberg garantiu, à época da desativação do antigo Aterro do Jóquei, que os trabalhadores teriam aumento na renda. No entanto, segundo apurou o Correio em reportagem publicada em 18/2, alguns catadores não ganhavam mais do que R$ 19 por dia nos galpões oferecidos pelo Governo. Segundo tabela definida pelo GDF e pelo SLU, eles recebem mensalmente R$ 300 por material triado, além de R$ 360 de auxílio e do lucro com a venda dos recicláveis. Os funcionários da reciclagem esperavam obter, por mês, mais de R$ 1 mil, ligeiramente acima dos R$ 954 estipulados pelo Governo Federal como salário mínimo em 2018.
Em resposta, a diretora-presidente do SLU, Kátia Campos, reforçou que os catadores vão receber pagamentos que compensem a saída deles do Lixão da Estrutural. Ela atribui os valores baixos pagos até agora a uma "mudança de cultura" pela qual tanto os trabalhadores quanto os moradores têm de passar. "Os catadores têm deixado de reciclar alguns itens que eles não sabiam que eram recicláveis, como rolo vazio de papel higiênico e caixa de sabão em pó;, apontou. Kátia acrescentou que os brasilienses devem "separar com carinho" o lixo antes do descarte, para evitar que rejeitos cheguem até os galpões e contaminem materiais úteis.

Catadores esperam melhorias

Lideranças de sete cooperativas contratadas se mostraram otimistas com a nova fase da coleta de lixo no DF. "A gente atuava nas ruas, catando material diretamente das lixeiras. Confundiam a gente com mendigo e com ladrão", contou a catadora Cristiane Pereira, 32 anos. Ela lidera a cooperativa Recicla Brasil, responsável pela coleta seletiva no Paranoá.
Os problemas relatados pelos antigos trabalhadores do Lixão da Estrutural ainda não tiraram da catadora Ana Paula Rodrigues, 32 anos, da esperança de uma vida mais confortável. Ex-detenta, ela vive com seis filhos e o marido em uma casa no Varjão, mesma cidade onde ela vai catar recicláveis. "Antes desse contrato, meus ganhos não chegavam nem a um salário mínimo. Espero tirar mais do que isso, agora", disse.

6 maneiras de contribuir com a coleta

  1. Prefira produtos com maior durabilidade para diminuir a quantidade de lixo;
  2. Tire migalhas e o excesso de alimentos ou bebidas de dentro das embalagens;
  3. Desmonte caixas de papelão para que ocupem menos espaço;
  4. Não misture pilhas, baterias e lâmpadas fluorecentes. Elas devem ser devolvidas ao comércio para não contaminar o lixo reciclável;
  5. O mesmo deve ser feito com medicamentos e seringas com agulhas. Você deve entregá-las em farmácias ou postos de saúde;
  6. Ainda não há reciclagem de vidro no DF. Por isso, ao descartar esse tipo de material, embale-o para evitar que os trabalhadores se cortem.

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