Cidades

MP de Formosa ouve, hoje, sacerdotes suspeitos de desviar verba de dízimo

Padres e bispo de município goiano são suspeitos de embolsar mais de R$ 2 milhões em doações de fiéis, casamentos e eventos católicos

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 20/03/2018 12:36
Parte do dinheiro apreendido na operação
O Ministério Público de Goiás (MPGO) começa a escutar os líderes religiosos suspeitos de desviar dinheiro dos templos de Formosa. Nesta terça-feira (20/3), pelo menos dois acusados serão ouvidos pelo órgão. Eles foram presos nessa segunda-feira (19/3) acusados de usar recursos de dízimos, ofertas e taxas de casamentos para obter propriedades e bens materiais. A estimativa é que eles tenham faturado mais de R$ 2 milhões.
O órgão não informou quais dos envolvidos no crime serão ouvidos nessa primeira oitiva. A expectativa é que até sexta-feira todos os nove presos sejam escutados. Até o momento, eles optaram por deixar a defesa se pronunciar sobre as acusações.

[SAIBAMAIS]Os suspeitos foram presos temporariamente e devem ficar na penitenciária da região por cinco dias, podendo ter o prazo adiado por mais cinco. Porém, o MPGO reúne provas para transformar a detenção em preventiva, que não prevê prazo para soltura.

O promotor à frente das investigações da 5; Promotoria de Justiça de Formosa, Douglas Chegury, ressalta que pode haver mais envolvidos no caso e que os desvios possam ter começado antes de 2015. "Estamos investigando para saber se outras paróquias praticavam o crime antes da chegada do bispo José Ronaldo Ribeiro", diz.

Entre os bens apreendidos, estão relógios de marca, computadores, dinheiro em espécie e em contas bancárias, além de uma fazenda com cerca de R$ 500 mil em gado. Uma lotérica, localizada no município goiano de Posse, também é investigada por estar ligada a um dos padres presos.
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Sem respostas

Nas redondezas da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, onde o bispo José ministrava as cerimônias, o clima era de desesperança. Uma pessoa, que não quis se identificar por medo de represália, ressalta que a população está em choque depois das prisões. "A gente contribui por conta da nossa fé e depois recebemos esse tipo de notícia. É triste", lamenta o fiel.
O Correio procurou a Diocese e a secretaria responsável pelos religiosos, mas ninguém atendeu a reportagem. Os recepcionistas do local afirmaram que apenas os padres, que foram presos, poderiam responder pela casa.

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