Cidades

Promissórias comprovam ligação de padre com lotérica em Posse (GO)

O estabelecimento foi comprado por R$ 500 mil em 2014 e teria sido pago com verba da igreja

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 20/03/2018 14:27

Os recibos ligam o religioso a uma casa lotérica, localizado em Posse (GO): o padre Moacyr seria dono de 55% do empreendimentoA investigação do Ministério Público de Goiás (MPGO) encontrou notas promissórias no nome do padre Moacyr Santana, um dos presos durante a Operação Caifás, deflagrada nesta segunda-feira (19/3). Os recibos ligam o religioso a uma casa lotérica, localizada no município goiano Posse. A suspeita é de que ele e outros representantes da igreja, inclusive o bispo de Formosa, dom José Ronaldo Ribeiro, tenham desviado mais de R$ 2 milhões de doações de fiéis, casamentos e eventos de paróquias.

A lotérica estava no nome de dois "laranjas", Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira, que também foram presos durante a operação. Além das notas promissórias, uma conversa gravada entre os suspeitos aponta que 55% do estabelecimento pertencem ao padre. O MP ouve hoje os sacerdotes suspeitos de desviar recursos de fiéis.

De acordo com promotor à frente das investigações, Douglas Chegury, da 5; Promotoria de Justiça de Formosa, a lotérica custou R$ 500 mil. "Parte do valor foi pago em dinheiro e o restante foi debitado em notas promissórias", afirma. Chegury aponta que os documentos no nome de Moacyr foram encontrados dentro do estabelecimento, o que reforça a participação dele na compra.


O promotor conta que os laranjas eram conhecidos por serem frequentadores da igreja. "Eles eram coroinhas e sempre foram próximos dos religiosos", relata. Além da casa lotérica, os outros suspeitos de envolvimento no escândalo tinham uma fazenda, relógios de marca e dinheiro em espécie.

Desvio antes de 2015

[SAIBAMAIS]O MPGO investiga se o desvio do dinheiro da igreja começou antes de 2015. Uma das provas encontradas durante a apuração do órgão, são as promissórias da compra da lotérica. Elas são de novembro de 2014 e seriam debitadas ao longo de 2015. Isso indica que crime começou a ser praticado antes do que foi apontado anteriormente.

Além disso, o relatório contábil de 2015 da igreja fechou com deficit de R$ 200 mil. Um documento assinado pelo bispo José Ronaldo e pelo padre Moacir aponta que ambos sabiam dessa quebra de caixa. A suspeita é de que esse dinheiro teria sido investido na compra da lotérica.

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