Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 26/03/2018 17:56
Promotores do Ministério Público de Goiás (MPGO) enviaram os equipamentos eletrônicos apreendidos a Goiânia (GO). Os agentes encontraram os aparelhos nas residências de padres e do bispo alvos da operação e na Cúria de Formosa. Em 19 de março, nove pessoas foram presas acusadas de desviar mais de R$ 2 milhões de paróquias de Formosa. O dinheiro vinha de dízimos, eventos e casamentos realizados pelas paróquias.
No total, 42 equipamentos entre celulares, computadores e dispositivos de armazenamentos serão avaliados pelos peritos do órgão. A Justiça determinou que o resultado da análise fique pronto em até 30 dias. O promotor à frente do caso, Douglas Chegury, da 5; Promotoria de Justiça de Formosa, explica que o setor de inteligência vai espelhar todo material, que depois servirá como prova.
Inicialmente, a Justiça determinou a prisão temporária dos nove suspeitos, que prevê cinco dias de reclusão, podendo ser estendido por mais cinco. No entanto, os promotores do MPGO apresentaram a denúncia na sexta-feira (23/3), e tiveram o pedido aceito pela Justiça, que converteu a prisão em preventiva, sem data definida de saída. Apenas o secretário da Cúria de Formosa, Guilherme Frederico Magalhães, um dos presos, responderá em liberdade.
Após o período de depoimentos, que ocorreu na semana passada, os promotores começaram a análise do material encontrado durante a operação. Além das denúncias iniciais, os investigadores constataram mais de 70 veículos registrados na Cúria de Formosa e um celular de funcionamento via satélite no nome do monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral da Diocese de Formosa. Chegury aponta que ainda não se sabe onde estão os veículos e que os peritos vão analisar o conteúdo do telefone, que é de difícil acesso.
Defesa
Nesta segunda-feira (26/3), a Justiça notificou formalmente os advogados dos acusados. Isso significa, que eles têm até 10 dias para apresentar a defesa. O grupo é composto por oito profissionais. Um deles, Bruno Opa, afirma que eles elaboram a melhor estratégia para ser apresentada à Justiça. "Estamos fazendo reuniões constantes para conduzir o caso", frisa.
Patrimônio
Os promotores de Justiça que cuidam do caso não terminaram de avaliar toda a documentação apreendida na operação nem contabilizaram o valor total supostamente desviado pelos sacerdotes. A suspeita é de que o grupo tenha faturado mais de R$ 2 milhões em dois anos. Até o momento, os investigadores dizem ter comprovado a compra de uma fazenda de gado em Formosa, uma lotérica em Posse (GO), duas caminhonetes, joias e moedas estrangeiras. Os itens estão avaliados em ao menos R$ 1,4 milhão. Durante a execução dos mandados, agentes apreenderam R$ 156 mil em espécie - R$ 8 mil em moeda estrangeira. Os relógios de marca encontrados estão sendo avaliados para estimar o valor de cada peça.
Por causa do escândalo, o papa Francisco ordenou a abertura de uma investigação por parte da Igreja Católica brasileira. O MPGO entregou uma cópia do inquérito à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A apuração da Santa Sé não tem prazo. No entanto, admite o afastamento imediato e a expulsão, caso seja comprovada a culpa, de dom José Ronaldo Ribeiro. Para manter as atividades da Igreja na região e tranquilizar os fiéis, Francisco nomeou o arcebispo de Uberaba (MG), dom Paulo Mendes Peixoto, administrador apostólico da diocese de Formosa. Ele assumiu a função na quinta-feira. Ao Correio, disse estudar uma auditoria pública nas contas da diocese de Formosa.