Cidades

Juiz nega papa como testemunha de bispo acusado de desvio milionário

Segundo a decisão, a defesa do religioso não trouxe justificativa para a convocação do líder máximo da Igreja Católica no processo

Flávia Maia
postado em 10/05/2018 18:06
Papa Francisco não será mais testemunha de Dom José Ronaldo


O juiz Fernando Oliveira Samuel do Tribunal de Justiça de Goiás negou a convocação do Papa Francisco como testemunha do bispo Dom José Ronaldo, investigado por desviar o dízimo de fiéis em Formosa (GO). Segundo a decisão, a defesa do religioso não trouxe justificativa para a convocação do líder máximo da Igreja Católica no processo. ;Não se verificando a imprescindibilidade dessa prova, fica indeferido o pedido;, escreveu o magistrado.

Além de negar a inclusão de Francisco no rol de testemunhas, o magistrado agendou para 9 de agosto a audiência em que deve ouvir os depoimentos - inclusive de testemunhas de outros estados e do Distrito Federal. Ao todo, a defesa de Dom José Ronaldo indicou 31 pessoas, entre elas, membros do alto escalão da Igreja Católica como Dom Marcony, bispo auxiliar de Brasília; Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, bispo da Arquidiocese de Brasília e o núncio Giovanni D;aniello.

A decisão traz outras negativas, como o pedido de transcrição integral do conteúdo das interceptações. ;Ressalta-se inicialmente que, ao contrário do que expuseram os defensores, o áudio integral das conversas interceptadas estão disponíveis nos autos;.

O documento indefere ainda o pedido da defesa de acrescentar no processo a documentação contábil de todas as paróquias da Diocese de Formosa, da Cúria local e da Nunciatura Apostólica. Para o juiz, a produção dessas provas são ;impertinentes do caso;.

Entenda o caso



O bispo dom José Ronaldo Ribeiro, quatro padres e o vigário-geral de Formosa deram um prejuízo superior a R$ 2 milhões aos cofres da Igreja Católica em Formosa (GO), segundo apontam as investigações do Ministério Público de Goiás (MPGO). O dinheiro desviado de dízimos, doações e de taxas de celebrações foi usado na compra de uma fazenda de gado e uma casa lotérica, entre outros bens, de acordo com as denúncias de fiéis e de padres que não faziam parte do esquema.

Policiais civis e militares prenderam o bispo, cinco padres, dois empresários e um funcionário da Cúria durante a Operação Caifás, deflagrada em março deste ano. Na casa do monsenhor, apreenderam dinheiro escondido no fundo falso do guarda-roupa, além de dezenas de relógios e aparelhos eletrônicos e importados.

As investigações começaram em 2015. No ano passado, fiéis denunciaram ao MPGO que as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, passaram de R$ 5 mil para R$ 35 mil. Todos negam o envolvimento no esquema.

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