Jornal Correio Braziliense

Cidades

Polícia procura câmeras de segurança para desvendar espancamento de jovem

Câmera mais próxima ao local onde Jelder foi encontrado não estaria funcionando, e equipamentos de vigilância perto da casa dele não captaram gravações relevantes. Responsáveis pela agressão continuam soltos



Mais de 72 horas após o paradeiro de Jelder Eric de Sousa Lourenço, 25 anos, ter sido descoberto, os responsáveis pelas agressões ao jovem continuam soltos, e a Polícia Civil ainda não identificou nenhum suspeito pela espancamento que deixou o sociólogo em estado grave no Hospital de Base.
Segundo apuração da reportagem, câmeras de vigilância em pontos cruciais, como no bloco em que Jelder mora e nas proximidades da Ponte Honestino Guimarães, onde ele foi encontrado, não conseguiram registrar nenhuma imagem que pudesse contribuir para a localização dos agressores.
Jelder teria sido espancado ao lado da Associação dos Servidores do Senado Federal (Assefe), no Setor de Clubes Esportivos Sul, que fica a menos de 500 metros da ponte. No clube, não há nenhuma câmera de vigilância instalada próxima ao local em que o jovem foi agredido.

O único equipamento que poderia registrar alguma movimentação está em um poste da Ponte Honestino Guimarães, no entanto, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP/DF) informou que o aparelho está desativado. De acordo com a pasta, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/DF) é responsável pela câmera. O Correio procurou o órgão, que disse não ter nenhum equipamento de monitoramento na ponte. O jornal também questionou o Departamento de Trânsito (Detran/DF), que informou não ter acesso à câmera em questão.

Amigos do jovem informaram ao jornal que nenhuma das câmeras de vigilância do Bloco H da 712 Norte, onde Jelder mora, estaria apontada em direção à sua casa. Além disso, no apartamento do sociólogo não existe circuito interno de monitoramento. Mesmo assim, a polícia está atrás de imagens em outros pontos para conseguir pistas do que aconteceu com ele entre a noite do sábado (4/8), última vez que fez contato com família e amigos, e a segunda-feira (6/8), quando funcionários da Assefe o encontraram desacordado e bastante ferido.
Por enquanto, o sociólogo segue internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital de Base. Apesar de grave, o seu estado de saúde é considerado estável. Entretanto, Jelder continua sedado e respirando com ajuda de aparelhos. Segundo informações de pessoas próximas ao rapaz, ele também apresenta sinais de febre.
A maior parte das agressões aconteceram na cabeça e no rosto do jovem. Ele sofreu traumatismo crânioencefálico e um trauma na face. Jelder tem lesões nos olhos, mandíbula, dentes e fraturas em diferentes partes do crânio. Os inchaços na sua cabeça são tão fortes que ele só foi reconhecido por amigos devido a uma tatuagem que tem no braço direito.

Por conta disso, a equipe médica não conseguiu fazer radiografias que identificassem qual parte ou órgão do seu corpo está mais danificado. Os médicos preferem mantê-lo sedado com receio de que possíveis lesões no seu cérebro aumentem, dependendo da sua reação ao despertar.
"A sensação é a de que não temos segurança. Não há razão nenhuma para uma pessoa ser agredida dessa forma. Isso causa um trauma para quem está perto. Poderia ser com qualquer um de nós. Tenho medo de sair nas ruas", lamentou um amigo de Jelder, o jornalista Leonardo Dalla, 34.

Vaquinha juntou mais de R$ 36 mil


Acaba na sexta-feira (10/8) a arrecadação on-line para ajudar nas despesas médicas e com a estadia dos pais de Jelder em Brasília, que já ultrapassou R$ 36 mil. A meta dos organizadores da vaquinha era juntar pelo menos R$ 30 mil. Mais de 400 pessoas contribuíram. Muitas deles nem mesmo conhecem Jelder, mas se solidarizaram com o caso do jovem. Em até 15 dias, o dinheiro estará à disposição dos pais dele.

[SAIBAMAIS]Os dois pedem privacidade, e não atenderão a imprensa até o quadro clínico do filho se normalizar. Apesar disso, amigos do jovem disseram que os pais agradecem o carinho de quem fez as contribuições.

"O Jelder fazia o bem para qualquer pessoa, e o suporte que ele está recebendo mostra o quanto ele é querido. Todos estão oferecendo muito carinho. Os pais estão muito emocionados com a corrente de solidariedade. Enquanto precisarem ficar aqui, terão todo o amparo e auxílio necessários", relatou outra amiga do rapaz, a socióloga Marcelle Mamede, 33.