Cidades

Assaltante que causou acidente no Eixão roubou no dia que deixou presídio

Imagens obtidas pelo Correio mostram Paulo Brás de Oliveira Júnior, 23 anos, assaltando um militar das Forças Armadas, na 711 Sul

Isa Stacciarini
postado em 15/08/2018 06:00
Criminoso provocou três mortes durante uma perseguição policial no sábado, no Eixão Sul, e já havia cometido um assalto no dia anterior
Um dia antes de roubar uma mulher e provocar um , Paulo Brás de Oliveira Júnior, 23 anos, assaltou um militar das Forças Armadas que chegava em casa, na 711 Sul. O crime aconteceu às 16h49 de sexta-feira, no saidão do Dia dos Pais. Fardado, o tenente foi rendido ao descer do veículo. Primeiro, o ladrão pediu que a vítima entregasse a pistola, mas ela não estava armada. Paulo, então, levou o relógio e fugiu na mesma moto usada para cometer os crimes de sábado. O morador da Asa Sul confirmou as características do acusado na 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), na tarde de ontem.

Imagens obtidas pelo Correio mostram o militar estacionando o carro, um Karmann Ghia, próximo de casa, às 16h48 de sexta-feira. Paulo passa por ele de moto e para mais à frente. Em menos de um minuto, ele volta a pé com a arma em punho. ;Ele me confundiu com um policial militar e me pediu a arma. Expliquei que era das Forças Armadas, mas não estava com nada. Aí, ele exigiu que eu entregasse o relógio, mas, como estava nervoso, não conseguiu tirar, e eu entreguei;, explicou a vítima, de 43 anos. O homem contou que o ladrão também exigiu o celular, mas desistiu. ;Eu disse: ;Poxa, você vai mesmo levar o meu celular?; E ele mandou que eu fosse embora. Por sorte, não aconteceu nada, porque a arma era verdadeira;, disse.

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[SAIBAMAIS]Paulo deixou o Centro de Progressão Penitenciária (CPP) na manhã de sexta-feira para o saidão do Dia dos Pais. Ele teria de retornar até as 10h de segunda-feira, mas, no fim da tarde de sábado, roubou o relógio de uma mulher na 505 Sul, sequestrou outra vítima, de 62 anos, que estava com o sobrinho de 6, e fugiu no carro dela, uma Mitsubishi Pajero TR4. PMs iniciaram uma perseguição pelo Eixão Sul até que, na altura do Viaduto Camargo Corrêa, o criminoso fez uma manobra brusca e colidiu com uma Kombi.

O veículo tombou, invadiu a pista contrária e bateu de frente com um EcoSport. No veículo, Manoel José de Sá, 73, e mais quatro pessoas. Na Kombi, seguiam Gizelda da Silva Mota, 39, e Márcio Barbosa de Oliveira, 53. Os três morreram na colisão. Manoel chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu. Ele será cremado, mas, até o fim da tarde de ontem, o corpo não tinha sido liberado pelo Instituto de Medicina Legal (IML).

O delegado adjunto da 1; DP (Asa Sul), João de Ataliba Neto, instaurou um inquérito para apurar o assalto ao militar na sexta-feira. ;Por esse caso, ele será indiciado por roubo à mão armada, mas ainda tem os dois roubos, o do Rolex (relógio) e o do carro no sábado, além de três homicídios culposos de trânsito e cinco lesões corporais de trânsito;, explicou. A polícia também apura a procedência da moto utilizada por Paulo. O chassi do veículo está raspado e passará por perícia.

Despedida

Familiares de Gizelda enterraram o corpo da diarista no Cemitério de Luziânia na manhã de ontem. A mulher havia feito uma faxina em uma casa da W3 Sul e pediu carona para Márcio. Ela seguiria até a Rodoviária do Entorno e, de lá, pegaria um ônibus para voltar para casa, no Jardim Ingá. O irmão dela, Reginaldo da Silva Mota, 46, contou que a irmã estava animada para preparar o bolo do Dia dos Pais. Domingo também foi aniversário do patriarca da família. ;Olha a surpresa que o meu pai teve no dia em que comemoraríamos o dia dele. Por que ele (Paulo) não cumpriu o que tinha de fazer? Foi solto para ficar com a família, mas destruiu outra;, lamentou o bombeiro hidráulico.

Gizelda deixou uma filha de 15 anos e uma de 1. No sepultamento da mãe, a adolescente passou mal, desmaiou e foi amparada pelos familiares. ;Só quero justiça. Se a minha irmã estivesse doente e morresse, era diferente. Agora, um marginal sai da cadeia e, em vez de ficar com o pai, vai roubar, matar e acabar com a família da gente. Depois, diz que está arrependido. Ele é muito frio. A revolta é muito grande;, desabafou Reginaldo.



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