Cidades

Desvios na Igreja de Formosa: Justiça ouve testemunha de acusação

O advogado Vilton Gonzaga é a terceira testemunha ouvida no julgamento de religiosos acusados de desviar dinheiro da Diocese de Formosa

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 13/09/2018 13:13
Dom José Ronaldo é acusado de liderar esquema de desvio de dinheiro da Igreja
O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) continua, nesta quinta-feira (13/9), o julgamento dos acusados de participar de desvios milionários das 33 paróquias vinculadas à Diocese de Formosa. A audiência começou por volta das 8h30, no salão de Júri da cidade goiana.

Durante o início da sessão, a defesa solicitou que uma das testemunhas de acusação, o padre Darci Neres da Rocha, fosse dispensada. Sem oposição do Ministério Público de Goiás (MPGO), o juiz Fernando Oliveira Samuel acatou o pedido, mantendo o testemunho apenas do advogado Vilton Gonzaga, ligado à Igreja e responsável por enviar ao MP a denúncia que originou a investigação.
Na segunda-feira (10/9), foram ouvidas as duas primeiras testemunhas de acusação: os padres João Manuel Lopes e Jarbas Dourado. Eles confirmaram ter havido um significativo aumento nos gastos por parte dos investigados e relataram ameaças sofridas para não revelar o esquema.
A primeira audiência estava marcada para 9 de agosto, foi foi adiada após pedido da defesa, diante de novas provas apresentadas pelo MP. Um dos promotores à frente do caso, Douglas Chegury explica que esta deve ser a última sessão de acusação. "Em 11 de outubro, as testemunhas de defesa começarão a ser ouvidas. Essa etapa deve ser mais rápida", informa.

A expectativa é de que o julgamento seja concluído ainda este ano. A determinação inicial era de que os 11 réus comparecessem a todas as audiências, mas, na sessão desta quinta, a presença deles foi dispensada pelo juízo. Porém, o magistrado orientou os defensores que, a partir do próximo encontro, todos deverão estar presentes.

Papa aceita renúncia

Na manhã de quarta-feira (12/9), o bispo dom José Ronaldo Ribeiro, acusado de ser mentor do esquema, renunciou ao cargo. A Nunciatura Apostólica no Brasil comunicou a decisão, acatada pelo Papa Francisco. Na segunda-feira, a defesa de dom José solicitou ao juiz permissão para ele se mudar para Brasília, já que o TJGO havia decidido que o bispo não poderia sair da comarca de Formosa. A Justiça concedeu o pedido, e o réu se mudou para Sobradinho, onde familiares dele vivem.

Com a saída de dom José, o bispo interventor dom Paulo Mendes Peixoto assumiu a Diocese de Formosa como administrador apostólico. De acordo com a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele acumulava duas funções e não deixará de realizar as pendências de Uberaba, onde atua como arcebispo.

Mesmo com a renúncia, dom José permanece como bispo emérito. A Diocese de Formosa informou que a renúncia foi apenas do ofício de bispo e que ele ainda mantém o vínculo com a Igreja.

Operação Caifás

Deflagrada em 19 de março, a Operação Caifás, a cargo do Ministério Público do Estado de Goiás, investiga 11 pessoas por desvios de mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica. A suspeita é de que eles tenham adquirido propriedades, veículos e joias com dinheiro faturado de casamentos, batizados e eventos promovidos pelas paróquias.

Assim que a operação foi deflagrada, nove dos acusados permaneceram presos por quase 30 dias, mas, na terceira tentativa, conseguiram habeas corpus impetrado no TJGO. Eles respondem por apropriação indébita, associação criminosa e alguns por lavagem de dinheiro.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação