Cidades

Chamado de 'ativista LGBT' por Fraga, juiz quer reparação por danos morais

Para o juiz Fábio Francisco Esteves, Fraga foi 'longe demais' ao insinuar, durante debate na tevê, que sentença contrária ao candidato foi comprada com 'dinheiro do Ibaneis'

Bernardo Bittar
postado em 03/10/2018 14:47
Fraga: 'O dinheiro do Ibaneis compra tudo'
Novamente criticado por Alberto Fraga (DEM-DF), o juiz Fábio Francisco Esteves, presidente da Associação dos Magistrados do DF (Amagis-DF), disse, nesta quarta-feira (3/10), que pretende levar o candidato ao Buriti pelo DEM à Justiça. O juiz afirma que deseja reparação por danos morais e que vai pedir apuração sobre eventual conduta criminosa.
Na terça-feira, durante debate com candidatos ao Buriti na Rede Globo, o deputado voltou a se referir ao juiz, reponsável por uma condenação de Fraga, como "ativista LGBT", afirmou que "anda adivinhando sentença" e que "o dinheiro do Ibaneis (Rocha) compra tudo". "Agora ele foi longe demais", disse Fábio Esteves ao Correio.

[SAIBAMAIS]"Havia decidido, na semana passada (quando Fraga atacou o magistrado pela primeira vez), que deixaria para tomar qualquer atitude após o pleito eleitoral. Mas o candidato voltou com os ataques de maneira contundente. Afirmou que a sentença dele (condenado a 4 anos, 2 meses e 20 dias de prisão por cobrança de propina) teria decorrido de uma ligação do Ibaneis para que eu acelerasse o processo. Ao dizer que o dinheiro do Ibaneis compra tudo, por consequência, se afirma ele teria chegado a mim", afirmou o juiz.


Condenação em setembro

Fábio Esteves, titular da Vara Criminal do Núcleo Bandeirante, condenou Fraga em 24 de setembroFraga foi condenado por Fábio Esteves, titular da Vara Criminal do Núcleo Bandeirante, em 24 de setembro. O juiz sentenciou o parlamentar baseado no recebimento de R$ 350 mil em propina de cooperativas de transporte, em 2008. Alberto Fraga disse em comícios que a decisão foi tomada com base no "ativismo LGBT" do magistrado. Ontem, em debate na TV Globo, o candidato ao Buriti repetiu as declarações.

"Vi minha orientação sexual reduzida a uma condição de menosprezo, uma motivação mesquinha para poder levá-lo à condenação. Esse ataque atinge também a independência da magistratura. Tenho uma trajetória marcada por reafirmação constante da minha identidade em todos os sentidos e também pelo meu caráter de, enquanto profissional, cumprir deveres institucionais e seguir com o mais profundo respeito à profissão que escolhi. Quero uma reparação por danos morais e vou pedir uma apuração sobre eventual conduta criminosa", disse o magistrado ao Correio.

A defesa de Fraga disse que "é um direito do juiz procurar as reparações". O advogado Fabrício Medeiros, que representa o candidato afirma que "a honra de A, B ou C não foi ofendida no discurso do candidato".

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