Cidades

Após o crime, autor de feminicídio visitou parentes antes de se matar

Crime aconteceu no Recanto das Emas. Ao chegar ao local da tragédia, bombeiros constaram que a vítima de feminicídio já estava morta havia cerca de 12 horas

Marina Adorno - Especial para o Correio
postado em 14/10/2018 08:00
Manchas de sangue
Os moradores do Recanto das Emas foram surpreendidos no sábado (13/10) com uma notícia trágica. Leandro Barbosa de Jesus, 60 anos, matou a mulher, Maria das Graças Peres de Oliveira, 45, e se matou em seguida. As informações iniciais eram que as mortes havia sido causadas por perfurações de faca, mas já se sabe que a vítima de feminicídio morreu de forma ainda mais brutal, a pauladas. O crime ocorreu na noite de sexta-feira, mas os bombeiros só foram acionados na manhã de ontem, para atender o chamado.

Ao chegarem à casa, localizada na Quadra 604, constaram que a vítima de feminicídio já estava morta havia cerca de 12 horas. O assassino estava morto havia menos tempo. Segundo o delegado de plantão da 27; Delegacia de Polícia, Sérgio Bautzer, o casal estava em processo de separação e Leandro não aceitava o fato. ;Aparentemente, ela havia informado que sairia hoje (ontem) de casa;, comentou o delegado.

De acordo com as informações que a polícia tem até o momento, na noite de sexta-feira, Leandro a matou com pauladas ; a vítima do feminicídio estava desfigurada. Em seguida, ligou para os parentes e avisou que Maria estava morta. Nenhum deles acreditou. O assassino foi dormir na casa de uma nora, voltou ao local do crime pela manhã, depois seguiu para a residência de outra nora embrulhado em um cobertor com marcas de sangue.

Em seguida, ele retornou à casa onde morava com Maria das Graças e se matou com um golpe de faca. Preocupada, uma das noras foi até o local e, ao ver o sangue, acionou as polícias e os bombeiros. O casal estava junto há cerca de 11 anos.

O pintor aposentado Florisvaldo Benjamin, 70 anos, mora ao lado da casa onde o feminicídio ocorreu. Ele afirma que Leandro e Maria das Graças eram ótimos vizinhos. ;Eu e minha mulher ouvimos eles discutindo na semana passada, mas logo eles se resolveram;, disse. Florisvaldo garante que nunca imaginou que isso pudesse acontecer e conta que ficou em choque quando soube da notícia, pela manhã. ;Eu não ouvi absolutamente nada.;

Segundo o vizinho, Leandro era pedreiro e Maria das Graças vendia roupas como camelô, na Rodoviária. Ele contou que o assassino deixa quatro filhos de outra relação e não soube informar quantos filhos Maria das Graças tem.

Em 2013, Maria das Graças registrou uma ocorrência de lesão corporal, injúria e ameaça no Recanto das Emas, o que gerou um processo no Juizado de Violência Doméstica de Samambaia. Ela acusou o marido de agredi-la com chutes, pauladas e socos. Exames no IML comprovaram diversas lesões no corpo e um corte na perna direita. Maria das Graças, porém, dispensou medida protetiva. O processo estava suspenso. O delegado explica que havia um mandado de localização judicial para Leandro e um dos filhos, que também teria ameaçado Maria. ;Havia uma cláusula que previa a possibilidade de decretação de prisão preventiva dos dois;, esclareceu Sérgio Bautzer.

Com este caso, o DF registrou 24 feminicídios em 2018. Foram cinco crimes a mais do que as ocorrências registradas no ano passado: 19. Em três crimes, o agressor tirou a própria vida.

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