Cidades

Família de adolescente vítima de latrocínio quer se mudar de Ceilândia

Um dia depois do sepultamento de Osterno Guilherme Martins, 16 anos, o que se ouvia na casa da família era apenas o latido do cachorro Barão, companheiro do adolescente. Suspeito de cometer crime foi preso na quarta-feira (14/11)

Mariana Machado
postado em 15/11/2018 12:00
Rua da casa da família de Guilherme, no Setor O, em Ceilândia
Um dia depois do sepultamento do jovem de 16 anos Osterno Guilherme Martins, morto depois de um assalto na porta de casa no Setor O de Ceilândia, a família tentava aos poucos se recuperar da tragédia. Na casa de esquina onde o estudante morava, portas e janelas fechadas. O único som que se ouvia era o choro do cachorro Barão, sentindo a falta do adolescente que era o companheiro.

Tios e primos, moradores das duas casas vizinhas, agora querem vender os imóveis onde a família morou a vida inteira e se mudar. ;Esse lugar morreu para mim. Criamos muitas boas lembranças aqui com o Guilherme, mas agora eu olho e só vejo tristeza;, lamentou o tio Clodoaldo Martins, 39.

O tio, que é fiscal de loja, lembrou, com lágrimas nos olhos, do sonho de Guilherme de ser veterinário. ;Era um menino de ouro, nosso orgulho. Primeiro ele dizia que queria ser bombeiro, como o pai. Depois mudou, disse que queria aprender a cuidar dos animais;. Guilherme morava com os pais e um dos filhos de Clodoaldo. ;Às vezes eu chegava e eles estavam roncando. Era muito engraçado;, riu o tio.

O menino, que cursava o 2; ano do ensino médio e sonhava com a faculdade deixou também quatro irmãos: dois do primeiro casamento do pai e dois do segundo. O mais velho, o assistente financeiro Jordam Linhares, 30, era o conselheiro em assuntos acadêmicos.

;Eu prometi que ia separar o material para ele estudar, antes de tudo isso acontecer. Agora a gente sinceramente não sabe como vai ser daqui para frente, mas eu agradeço toda a atenção que a polícia militar, civil, a imprensa e a sociedade tem tido com a gente. É revoltante que a nossa justiça não ajuda;, declarou.

Prisão do suspeito

O suspeito de matar Guilherme, Jonathan Sousa Lopes, 20 anos, foi preso na noite de quarta-feira (14/11). Segundo os investigadores, ele é o autor do latrocínio. O jovem é conhecido na região por cometer diversos crimes.
As investigações tiveram duração de 28 horas, com diligências ininterruptas. O delegado-chefe da 24; Delegacia de Polícia (Setor O ; Ceilândia) contou que chegou ao suspeito após denúncias anônimas e a identificação de outros roubos ocorridos naquela região no mesmo dia.

Entenda o caso

O crime aconteceu na tarde de terça-feira (13/11), no Setor O. Osterno Guilherme Martins Linhares de Sousa, 16 anos, é o filho de um bombeiro militar do Distrito Federal, e não resistiu ao levar um tiro no queixo. O assalto aconteceu por volta das 15h40, próximo à residência do rapaz, que fica em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros, na QNO 18, em Ceilândia.
A vítima cursava o 2; ano do ensino médio. Ele havia saído da escola e seguia para casa quando foi abordado por Jonathan Sousa em uma bicicleta. As testemunhas não souberam informar se ele reagiu ao assalto, mas acabou atingido por um disparo.

Nesta quarta-feira (14/11), o corpo de Osterno Guilherme foi velado no cemitério Campo de Esperança de Taguatinga. Mais de 70 pessoas estavam no enterro, entre familiares, amigos de escola e colegas de trabalho do pai, Antônio Martins.
No velório, a família pediu justiça pela morte do filho. "Deus está à frente de tudo. E estamos confiantes", afirmou um dos irmãos da vítima. A amiga Dayana Ribeiro, 25 anos, conta que vão ficar as memórias boas do adolescente. "Ele era um filho pra mim. Sabe aquele filho que toda mãe quer? Amava música sertaneja. A gente sempre ouvia junto. Era uma pessoa muito divertida. Tá doendo demais", lamentou.

Colegas de escola de Osterno Guilherme preparam uma homenagem para o amigo na próxima segunda-feira (19/11). "Era uma pessoa muito boa. Merece a nossa homenagem", disse o amigo Keven Augusto, 16.

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