Cidades

CLDF pede informações para investigar seita religiosa

Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo distrital Fábio Félix (Psol), encaminhou oficio pedindo detalhes da investigação à PCDF e SSP-DF

Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 15/01/2019 22:48
Chácara que abriga seita religiosa fica no GamaA Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) mandou um ofício à Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) e Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para ter informações sobre a seita religiosa que mantinha pessoas em cárcere privado.

"É um caso aparentemente muito grave e que merece a nossa atenção. Por isso, solicitamos as informações para saber o que podemos fazer institucionalmente às vítimas e suas famílias", disse o deputado distrital Fábio Félix (Psol), presidente da comissão.

O distrital defende que os órgãos de fiscalização atuem rigorosamente na investigação da Igreja Adventista Remanescentes de Laodicéia, às margens da DF-290, no Gama. Como presidente da Comissão de Direito Humanos, Fábio conta que pode solicitar apoio psicossocial às vítimas.

No ofício encaminhado à SSP-DF e PCDF, Fábio Félix destaca as reportagens produzidas pelo Correio e outros veículos de notícia. "Diante da gravidade dos fatos, venho solicitar à Secretaria de Segurança Pública que encaminhe, a esta Comissão, as informações disponíveis sobre o caso, para avaliação de providências a serem tomadas", destaca o deputado no documento.
Em ofício, distrital Fábio Félix pede informações para solicitar apoio às vítimas

Investigações serão retomadas

A 20; Delegacia de Polícia, do Gama, conta com três delegados. Dois estão de férias, sendo que um retorna no próximo dia 17, quando as diligências serão intensificadas. Após as primeiras notícias sobre a seita religiosa saírem, novas denúncias foram feitas à unidade policial.

Além do caso mais recente, da jovem de 18 anos que fugiu da seita após ficar quatro meses presa na chácara, a PCDF apura se uma garota de 19 anos também foi mantida em cárcere privado. O pai da mulher, o aposentado Ronaldo Soares, 50 anos, contou que a filha só foi liberta da seita após pressionar a os integrantes da igreja.

O último caso que chegou à delegacia veio de Mato Grosso, denunciado por Gilmar Almeida. Ele disse aos policiais que a irmã morreu na chácara e não foi transportada à cidade da família. O matogrossense conta que tampouco viu o corpo da parenta, impossibilitado pelos líderes da seita.

"Estavam endemoniadas"


A profetiza fundadora da seita, Ana Vindouro Dias da Luz, 65 anos, refuta a ideia de que as jovens haviam sido mantidas em cárcere privado na chácara. Entretanto, ela conta que fez um trabalho mais próximo com algumas garotas por estarem "endemoniadas". ;Quando Deus resolveu salvar o homem, teve que enfrentar o pior inimigo, que são os demônios e eles existem. Eles manipulam a cabeça das pessoas para fazer o que querem;, disse Ana ao Correio.

Para fazer parte da seita, os integrantes devem se submeter às regras impostas por Ana. Entre elas estão a obrigação de se tornar vegetarianos, abrir mão de celulares e não usar material de higiene produzido fora da chácara. Para ajudar no sustento financeiro, os fiéis precisam vender os livros escritos por Ana, cozinhar e vender pães, comercializar panos de prato e outros produtos.

Com este dinheiro, os líderes da igreja acabam em breve a construção de um templo na chácara que residem. Os seguidores de Ana Dias já se utilizam dos novos aposentos, mas intercalam as reuniões entre o local e debaixo de tendas.

"Temos de tomar muito cuidado com o fundamentalismo religioso. Ele confunde a racionalidade, apresenta caminhos que violam os direitos humanso, a dignidade da pessoa. Qualquer extremismo é ruim para a sociedade. Historicamente, vimos onde ele nos levou", acredita Fábio Félix.

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