Cidades

Câmeras ajudam a identificar assassinos de estudante da UnB

Apontados como autores do crime, dois moradores de rua aparecem em imagens do circuito de vigilância do terminal

Sarah Peres - Especial para o Correio, Danilo Queiroz - Especial para o Correio, Ester Cezar* , Bruna Lima - Especial para o Correio, Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 16/01/2019 06:00
Apontados como autores do crime, dois moradores de rua aparecem em imagens do circuito de vigilância do terminal
Um jovem de 19 anos, estudante de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), morreu esfaqueado na Plataforma Inferior da Rodoviária do Plano Piloto, a 2,5km do Palácio do Planalto e a 3,5km do Palácio do Buriti. O crime aconteceu por volta das 3h30 de ontem, quando a vítima esperava o ônibus para voltar para casa, no Gama. Ele estava na companhia de dois amigos, com quem havia participado de uma festa no Setor Bancário Sul (SBS). O autor da facada seria um morador de rua. Ele teve a ajuda de um amigo, segundo testemunhas.

Milton era estudante de ciência política na UnBA agressão ocorreu na Plataforma B do terminal rodoviário, ponto mais movimentado da capital, por onde circulam cerca de 700 mil pessoas diariamente, que conta com uma companhia da Polícia Militar e 14 câmeras de vigilância, que, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP/DF), estão em funcionamento. Os equipamentos gravaram suspeitos abordando os três jovens pouco antes do crime e a fuga deles. O momento da facada não teria sido registrado porque o local ficaria em um ponto cego, fora do alcance das câmeras. Até o fechamento desta edição, quase 20 horas após a morte do rapaz, ninguém havia sido preso.

Câmeras de segurança filmaram os suspeitos discutindo com as vítimas, fugindo após matarem Milton e bombeiros socorrendo o jovem, mas não flagraram a facada
Além de um adulto, outro homem que vive em situação de rua, identificado como Galego, é suspeito de participar do crime. Eles abordaram a vítima e os dois amigos, Ary Martins, 21 anos, e Ícaro Carlos de Sousa, 19, no ponto de embarque do coletivo que os levaria para casa. Segundo os sobreviventes, um dos desconhecidos apareceu repentinamente e pegou o isqueiro que estava com Ícaro. Ao verem que ele estava com um alicate na mão, os rapazes se afastaram. No entanto, Galego teria seguido o trio e o outro morador de rua apareceu com uma faca.

Ary foi atrás de ajuda na unidade da PM da Rodoviária, enquanto Milton e Ícaro seguiram em direção ao banheiro, sob uma das escadas rolantes. Mas, antes de entrarem no cômodo, um dos suspeitos deu uma facada em Milton. ;O cara nos seguiu e foi para cima do (Milton) Junio, que ainda tentou se defender colocando a mochila na frente;, contou Ícaro. Com o rapaz no chão, os agressores levaram a carteira e o celular. PMs acionaram bombeiros para atender a vítima. Os socorristas chegaram em 20 minutos. Tentaram reanimar o jovem por 40 minutos, sem sucesso.


Família

Milton Junio morava no Gama com um irmão, enquanto o restante da família reside na Bahia. Até as 22h de ontem, o corpo do jovem estava no Instituto de Medicina Legal (IML). Nenhum familiar havia comparecido ao prédio para iniciar os trâmites de liberação. A previsão era de que a mãe da vítima chegasse na madrugada.

Investigadores da 5; Delegacia de Polícia (Área Central) tratam o caso como latrocínio (roubo com morte). Eles tiveram acesso às imagens do circuito de segurança. O momento do crime não foi capturado pelas câmeras de segurança, mas os suspeitos aparecem discutindo com as vítimas e fugindo após matarem Milton.

Responsável pela apuração do caso, o delegado Glayson Gomes disse que qualquer manifestação sobre o andamento da investigação seria repassada por meio da Divisão de Comunicação (Divicom) da Polícia Civil. Até o fechamento desta reportagem, a unidade informou que não havia nenhuma novidade e que os suspeitos ainda não haviam sido presos.

Comoção


O Centro Acadêmico de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) se manifestou sobre a morte do aluno por meio de nota oficial. ;O momento é de relembrar as boas histórias que Junio deixou conosco e os momentos que nos fazem lembrar a pessoa extraordinária que era, alto astral, sorriso no rosto e querido por quem o conhecia. Em nome de todos os alunos de ciência política, lamentamos profundamente essa perda e desejamos mais sinceros sentimentos aos amigos, familiares e a todos que de alguma forma sentirão sua falta;, diz o comunicado.

Militante da causa LGBT, Milton costumava frequentar eventos relacionados à temática. Emocionado, o amigo Walysson Ribeiro, 19 anos, relembrou com carinho de Milton e disse que o conheceu em um bloco de carnaval. ;Ele sempre estava fazendo alguma piadinha, amava dançar e ir pra festas. Se importava com todo mundo. Ele era uma pessoa que queria crescer profissionalmente para ajudar a família, queria ser uma pessoa que marcasse a vida de todo mundo. E marcou;.

Abalados com a morte do universitário, amigos e desconhecidos começaram a se manifestar por meio das redes sociais, poucas horas após o crime. ;Você sempre estará em nossos corações e será lembrado por ser a pessoa mais carismática, sorridente e alegre. Descansa em paz, príncipe. Não iremos esquecer tão cedo da sua grandeza;, escreveu uma amiga na página de Milton no Facebook. ;É muito injusto tirar a vida de um rapaz de 19 anos, que mal conheceu a vida e que lhe foi arrancada a oportunidade de viver;, lamentou outra colega.

A cantora pop Pabllo Vittar também prestou homenagem ao universitário. Por meio dos stories do Instagram, a artista publicou uma foto de Milton Junio com uma mensagem de pesar. ;Um dos vittarlovers mais fofos foi morar no céu;, escreveu. Vittalovers é a forma como são chamados os fãs de Pabllo Vittar.
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*Estagiária sob supervisão de Renato Alves.

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