Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 09/02/2019 00:24
O ex-deputado federal Alberto Fraga foi condenado a seis anos e oito meses de prisão em regime semiaberto, nesta sexta-feira (8/2), pelo crime de concussão - exigência de vantagem indevida em razão do cargo ocupado. A sentença foi proferida pelo juiz Fábio Francisco Esteves, responsável também pela condenação do ex-parlamentar em setembro de 2018.Fraga é acusado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) de ter cobrado proprina no valor de R$ 600 mil para a Coopatag, uma cooperativa de transporte do Gama, em 2008. Segundo os autos, o à época secretário de Transporte se utilizou de dois intermediários para realizar as tratativas com a cooperativa.
Um deles era Júlio Luiz Urnau, ex-subsecretário adjunto de Fraga; o outro, José Geraldo Oliveira de Melo, ex-assessor especial do governo de José Roberto Arruda (PR). Segundo a denúncia, acatada pela Justiça do DF, os dois intermediários seriam responsáveis por repassar o valor de R$ 150 mil para Alberto Fraga.
A senteça destaca que um dos funcionários da cooperativa gravou um reunião com Júlio Urnau, em que o intermediário teria dito representar Fraga.
O juiz Esteves afirma que houve movimentação do GDF logo após o pagamento da primeira parcela da proprina. "Após o pagamento da primeira parcela da quantia indevida, no valor de R$ 200 mil, foi firmado contrato com a COOPATAG".
"Resta cristalina a autoria delitiva do acusado Alberto Fraga", considera o magistrado, antes de dosar a pena.
Procurado pelo Correio, Fraga disse que, ainda, não teve acesso à sentença. "É claro que vou recorrer. Não conheco a decisão, mas vou recorrer. O caso já está esclarecido, não há razão para me condenar", afirmou.
"Juiz ativista LGBT"
Em um vídeo durante a campanha ao Palácio do Buriti, em setembro do ano passado, Alberto Fraga criticou a primeira sentença contraria ao democrata proferida pelo juiz Fábio Esteves.
"Quantos de nós já fomos condenados em primeira instância e na segunda instância (o processo foi) refeito? Fui condenado sim, por um juiz ativista LGBT. Disseram para eu não falar isso, mas eu tive que falar. Porque deve ser por isso que houve essa pressa de condenar", disse Fraga em discurso.
Naquela ocasião, Fraga havia sido condenado a quatro anos, dois meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto, além de 14 dias-multa, por ter cobrado propina de outra cooperativa de transporte, a Coopetran. A apuração do caso começou em 2011, no âmbito da Operação Regin.