Cidades

Marido de paciente que morreu após lipoescultura cobra explicações

"Ela seguiu todo o protocolo e não foi constatado nenhum risco. Eu só quero que me digam qual foi a causa para que possamos ficar em paz", pediu Jeferson Souza Bezerra, 38 anos

Isa Stacciarini
postado em 09/03/2019 12:40
Fabiana Bezerra morreu ainda na clínica, o Hospital da Plástica de Brasília, na Asa SulFamiliares de Fabiana Vieira dos Reis Bezerra, 35 anos, que não resistiu a uma cirurgia de lipoescultura e abdominoplastia, cobram esclarecimentos sobre a morte dela, ocorrido em uma clínica da Asa Sul, na segunda-feira (4/3). Marido da dona de casa há 20 anos, Jeferson Souza Bezerra, 38, confirmou que ela fez todos os exames pré-operatórios. ;Ela seguiu todo o protocolo e não foi constatado nenhum risco. Eu só quero que me digam qual foi a causa para que possamos ficar em paz;, pediu.

O empresário lembrou que a mulher se preparava para a operação havia três anos. No dia da operação, Fabiana estava feliz, segundo ele. ;Ela chegou alegre, satisfeita por poder realizar o que ela queria;, contou o marido.

Uma amiga acompanhou a paciente dentro da clínica. A operação começou por volta das 16h e terminou às 22h. À noite, o marido foi ao hospital. ;Logo depois das 23h30, uma enfermeira saiu e me perguntou se eu tinha pressão alta e se eu queria algum remédio, porque o médico vinha conversar comigo. Para bom entendedor, eu comecei a pensar no que poderia ter acontecido;, disse.

Agora, o empresário espera o resultado do exame cadavérico e toxicológico feito pelo Instituto de Medicina Legal (IML), assim como a 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), responsável pela investigação do caso. ;Se ela teve alguma complicação, algum problema, paciência. Nós vamos seguir a vida da maneira que for possível, lidando com essa dor, e tendo que seguir em frente. Tenho dois filhos com ela e preciso criá-los;, destacou.

Vaidosa, Fabiana tinha planos para o aniversário, em julho, e chegou a comprar passagens para passar o réveillon de 2019 com a família e as amigas em Fortaleza (CE). ;Era um sonho dela fazer essa cirurgia, mas eu não queria. Dizia que não precisava, que não tinha necessidade, mas ela colocou isso na cabeça e eu não consegui fazê-la desistir. Com meu aval, ou não, ela ia fazer;, contou o marido.

A família pagou em torno de R$ 18 mil com o procedimento cirúrgico, incluindo gastos do cirurgião plástico, do anestesista e da clínica. Jeferson vendeu um lote para realizar o sonho da mulher.

Presidente do CRM-DF, o médico Farid Buitrago Sánchez disse que abriu sindicância ontem para apurar o caso. ;Essa sindicância pode gerar um processo ético profissional e ele culmina com o julgamento das pessoas envolvidas. Em tese, quem for considerado culpado pode sofrer as penas previstas em lei que vai da advertência até a cassação do registro, dependendo da gravidade do caso;, esclareceu.

Documentação regular

A clínica tem licença sanitária válida, renovada em fevereiro, com vencimento em 2020. A unidade é licenciada para cirurgia plástica tipo 3 e, por essa razão, não é necessário ter estrutura de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A Secretaria de Saúde ainda confirmou que o estabelecimento recebe inspeções de rotina da Vigilância Sanitária. A mais recente aconteceu em outubro.

Por meio de nota oficial, o Hospital da Plástica de Brasília lamentou a morte da paciente e afirmou que Fabiana ;esteve todo o tempo acompanhada por equipe médica completa;, com o cirurgião responsável pela operação, o anestesista e o médico plantonista. Disse, também, que ;a equipe de profissionais não mediu esforços para reverter o quadro da paciente sem, contudo, lograr êxito;.

Por fim, a clínica reforçou que tem todas as autorizações de funcionamento regulares e destacou que, além de prestar assistência aos familiares, também acionou a Vigilância Sanitária, o CRM-DF e a Polícia Civil.

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