Cidades

Morre vigário-geral de Formosa acusado de desviar dinheiro da igreja

Epitácio Cardozo Pereira, 69 anos, teve complicações decorrentes de um quadro de pneumonia e morreu vítima de uma infecção generalizada

Gabriela Sales - Especial para o Correio , Jéssica Eufrásio
postado em 28/03/2019 21:55

Investigações do Ministério Público de Goiás, em março de 2018, resultaram em acusações de desvio do dinheiro de dízimos, batizados e ofertas nas 33 paróquias vinculadas à Diocese de Formosa

Morreu, nesta quinta-feira (28/3), aos 69 anos, o vigário-geral da cidade de Formosa, em Goiás, Epitácio Cardozo Pereira. O religioso era o número dois na hierarquia da Igreja no município e na região e não resistiu às complicações de um quadro de pneumonia. Ele estava internado desde o início do mês, antes de dar entrada no Hospital de Neurologia Santa Mônica, em Aparecida de Goiânia (GO), em estado grave.

Epitácio era , do Ministério Público de Goiás (MPGO), que apura, desde o ano passado, o desvio de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica. De acordo com o atestado de óbito emitido por uma das médicas plantonistas do hospital, a morte ocorreu às 18h05 e foi provocada por uma infecção generalizada. Ainda não há detalhes sobre o velório ou o sepultamento de Epitácio.

Advogados de Epitácio Cardozo emitiram nota lamentando a morte do vigário Os advogados do vigário lamentaram o fato e emitiram uma nota acerca do ocorrido. No texto, eles afirmam que a operação do MPGO se trata de uma "ação penal midiática sustentada tão-somente em condutas atípicas" e que têm a "firme convicção de que as injustiças e as misérias do processo penal também causam mortes diretas". O documento é assinado por 13 defensores dos envolvidos.


Operação Caifás


Deflagrada em 19 de março de 2018, a Operação Caifás resultou na acusação de 11 pessoas devido a denúncias de envolvimento em um esquema de desvio na Diocese de Formosa. A suspeita é de que os investigados na operação tenham adquirido propriedades, veículos e joias com dinheiro pago pelos fiéis em casamentos, batizados e eventos promovidos pelas paróquias e cujos preços foram reajustados. Os réus respondem por apropriação indébita, associação criminosa e alguns por lavagem de dinheiro.

Além de Epitácio, foram investigados Thiago Wenseslau, juiz eclesiástico; Waldson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse (GO); Guilherme Frederico Magallhães, secretário da Cúria de Formosa; Darcivan da Conceição Serracena, funcionário da Diocese de Formosa; Edmundo da Silva Borges Junior, advogado da Diocese de Formosa; Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira, empresários apontados como laranjas do esquema; Mario Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa; Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, também em Formosa; e José Ronaldo Ribeiro, bispo da mesma cidade.

Assim que a operação foi deflagrada, nove dos acusados permaneceram presos por quase 30 dias. Mas, na terceira tentativa dos advogados, a defesa conseguiu um habeas corpus no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). A defesa afirmou que a denúncia se tratava de "uma verdadeira peça de ficção produzida desde as investigações exclusivas realizadas pelo Ministério Público, como que buscando transformar atividades corriqueiras do exercício religioso e sua gestão interna em tipos penais alheios à atividade da Igreja Católica".

Em 5 de setembro, os defensores de seis dos réus encaminharam um pedido ao TJGO para cancelar a ação penal e impedir que o processo continuasse. A justificativa era de que a verba seria privada e os religiosos poderiam dar qualquer finalidade a ela. No entanto, em 11 de setembro, a desembargadora Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira indeferiu o pedido. Agora, uma liminar tramita na 2; Vara Criminal de Formosa, onde o caso será julgado. Em 12 de setembro, o bispo dom José Ronaldo Ribeiro, acusado de ser o mentor do esquema, renunciou ao cargo.


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