Cidades

Grupo pode ter lucrado até R$ 1 milhão com golpes bancários em idosos

Os quatro homens presos no Lago Norte fazem parte de uma organização criminosa especializada de São Paulo, suspeita de atuar na capital desde 2017

Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 08/04/2019 20:27
Dinheiro, cartões e máquinas de passar cartão foram apreendidas com o quarteto preso no domingo
Agentes da 9; Delegacia de Polícia (Lago Norte) tentam identificar outros 10 participantes de uma organização criminosa especializada em fraude bancária. Eles são de São Paulo, mas agem no Distrito Federal. Quatro dos envolvidos no esquema acabaram presos no domingo (7/4) após realizarem um golpe na agência do Banco do Brasil, na QI 3/4 do Lago Norte. Os estelionatários viajavam mais 1 mil quilômetros para fazer novas vítimas em Brasília. Eles são suspeitos de cometerem os crimes desde novembro de 2017, quando houve os primeiros registros de ocorrências na delegacia.

Segundo o delegado Tiago Carvalho, depois de dois meses investigando a organização criminosa, os agentes receberam uma informação de que os suspeitos estariam na capital novamente. Por volta das 14h, os homens chegaram na agência do Lago Norte. Eles instalaram os dispositivos para reter os cartões de crédito das vítimas, como chupa-cabra, pedaços de garrafa pet e fita isolante.

Após a ação, o quarteto de 39, 34, 32 e 33 anos, seguiu em um Kia Sportage prata até o Deck Norte, onde foram flagrados. Os homens foram levados até a 9; DP e foram autuados. Eles confessaram os crimes e alegaram que esta seria a terceira vez que vinham a Brasília para aplicar os golpes. No entanto, os investigadores apuraram que os suspeitos teriam ligação com outras 15 ocorrências.

;O grupo foi autuado pelas tentativas de estelionato de domingo. Mas trabalhamos para que eles sejam responsabilizados por todas as ações. Temos imagens de circuito de segurança e, até o momento, duas vítimas de crimes mais recentes os identificaram como os autores;, detalha.

O delegado estima que as ações dos golpistas geraram um prejuízo estimado entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. ;Calculamos isso de forma simples, levando em consideração que eles podem chegar a ganhar até R$ 15 mil em um dia. Trata-se de pessoas muito bem organizadas, com um esquema planejado e divisão de núcleos de atuação. Por isso, não se trata de uma mera associação criminosa;, salienta Tiago Carvalho.

Os suspeitos foram autuados por organização criminosa e duas tentativas de estelionato, com agravante de os golpes serem realizados com idosos. Se condenados por todos os crimes, podem pegar até 18 anos de prisão.

A organização

Conforme informações da Polícia Civil, os suspeitos têm uma estratégia de atuação, o que torna os golpes elaborados. A primeira etapa é instalar os dispositivos que retêm os cartões das vítimas. Depois, os homens se aproximavam fingindo querer ajudar os idosos, oferecendo-lhes um número de telefone da agência. No entanto, o número era de um outro núcleo da organização criminosa, responsável por conseguir as senhas dessas pessoas.

Depois de induzirem as vítimas, eles começavam a gastar, como acrescenta o delegado Tiago Carvalho. ;O grupo adquiria mercadorias, como suplementos alimentares, roupas e jóias. Mas percebemos que eles atuavam, sobretudo, passando os cartões em máquinas para conseguir dinheiro. Esse montante era repassado a uma pessoa física ou para uma empresa;, afirma.

A investigação também continuará, a fim de identificar esses envolvidos. Segundo Tiago, é possível que os suspeitos presos no domingo não ;tenham contato direto com essas pessoas, para não trazer à tona essa prática". "Mas não resta dúvida alguma de que essa ação deixa o rastro e vamos segui-lo. Quem foi beneficiado também integra esta organização criminosa.;

As vítimas

De acordo com o delegado, os estelionatários escolhem os alvos que eles acreditam ser mais ;fáceis; de serem enganados. A partir desse recorte, iniciam a atuação criminosa. Portanto, para evitar este tipo de golpe, não se deve dar qualquer informação a desconhecidos em agências bancárias.

;Eles pegam uma parcela da população, que podemos considerar, de certo modo, vulneráveis, como pessoas com dificuldade de locomoção e idosos. Em depoimento, um dos detidos confirmou que eles escolheram pessoas na terceira idade porque elas são de uma época diferente, quando se podia acreditar na palavra dos outros;, cita Tiago Carvalho.

Os homens também explicaram aos investigadores da 9; DP que escolheram Brasília porque a incidência deste tipo de golpe é menor aqui. ;Pela capital ser segura neste aspecto, foi o elemento principal para chamar a atenção dos criminosos. Todos estamos passíveis a essas ações, mas aconselhamos que as pessoas de mais idade sejam acompanhadas às agências por pessoas de confiança. E, em hipótese alguma, se fornece informações bancárias;, frisa o delegado.

Por meio de nota, o Banco do Brasil informou que orienta aos clientes que não se aceite ajuda de estranhos, para evitar ações como essas. O texto destaca que o banco ;faz monitoramento por imagens nas salas de autoatendimento de suas unidades para identificar ações suspeitas em andamento e promover o acionamento de órgãos competentes para coibir as ações criminosas". "Nesse caso, particularmente, o BB contribuiu para a desarticulação da quadrilha. Os clientes que identificarem qualquer atitude suspeita devem acionar 190.;

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