O acusado trabalha como marceneiro na região administrativa e mantém duas lojas nos bairros Buritis e Arapoanga. Segundo o delegado Fabrício Augusto Borges, chefe da 31; DP, o homem e a família dele são de origem humilde. Como é dono do próprio negócio, à época dos crimes sexuais cometidos contra as sobrinhas, ele se oferecia aos parentes para cuidar das meninas.
"Ele falava que podia ficar com as vítimas, para poder ajudar os pais. Mas, na verdade, o intuito dele era cometer as barbáries. No caso de uma das garotas, atualmente com 15 anos, a mãe só soube que ocorreu porque a filha teve uma crise de pânico na rua, em decorrência dos abusos sexuais. Ela falou tudo no domingo (7) e, na segunda-feira (8), a ocorrência foi feita na delegacia", explica o delegado.
De acordo com Fabrício Borges, a jovem ficou calada por tantos anos por medo do que o autor poderia fazer. Em depoimento, ela explicou que, após o tio realizar a conjunção carnal, as ameaças começavam. "Ele afirmava que, caso ela dissesse para alguém, mataria a vítima e a família dela. Esse tipo de posição é comum de pedófilos, é de praxe", destaca.
A adolescente prestou esclarecimentos à polícia de modo especial, conforme é estabelecido em casos que vítima é menor de idade. Segundo Fabrício, ela contou "com riqueza de detalhes, os estupros sofridos ao longo dos anos". "A mãe também disse como a história veio à tona. Tudo isso corrobora para a investigação, que está cada vez mais robusta de provas."
A chegada da segunda sobrinha do suspeito à 31; DP, na tarde de quinta-feira (11), chamou a atenção dos policiais. "O padrão é o mesmo relatado pela primeira familiar, assim como as idades que as vítimas tinham quando ocorreram os abusos. Isso mostra que o homem é contumaz na prática desse tipo de delito. Por isso, começamos a procurar outros casos de estupros registrados na delegacia", frisa o delegado-chefe.
Foi nesse momento que os policiais encontraram o caso do estupro de uma mulher de 46 anos, que aconteceu em fevereiro, próximo à marcenaria que o acusado mantém na Vila Buritis, em Planaltina. Segundo Fabrício Borges, o crime aconteceu de manhã, quando a vítima ia para o trabalho. "Além de o retrato falado do criminoso ser muito parecido com o homem, o fato de ele mancar por ter levado um tiro na perna foi imprescindível."
Isso porque, nesse estupro, os investigadores chegaram até uma câmera de segurança que mostrou o criminoso fugindo do local. Este homem mancava, assim como o suspeito. Para atender todos os requisitos legais, a vítima compareceu à delegacia para um reconhecimento. Prontamente, "ela indicou o marceneiro com muita certeza". "A altura, as feições e o fato de ele ser manco, foram importantes", sustenta o delegado.