Anderson Costolli, Walder Galvão
postado em 26/04/2019 12:08
Para separar uma briga entre estudantes, dentro de uma escola em Ceilândia, um policial militar foi filmado agredindo e imobilizando alunos na quadra de esportes do Centro Educacional 7, na manhã desta sexta-feira (26/4). O colégio é uma das unidades do DF com gestão compartilhada entre as secretarias de Educação e de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), desde 1; de fevereiro. A ação dos profissionais das forças de segurança assustou outros estudantes, que registaram a situação em vídeo.
As imagens mostram o momento em que um dos policiais arremessa o aluno ao chão. O rapaz permanece deitado e outros policiais conferem se ele está bem. Em outro momento, é possível ver um segundo estudante sendo imobilizado pelo pescoço.
A Secretaria de Educação, por meio de nota, disse que os policiais agiram para "evitar que os alunos se machucassem" durante a briga. O texto também informa que o caso será investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), para onde os estudantes foram encaminhados após o ocorrido.
A Polícia Militar do Distrito Federal também se pronunciou. Em nota, a corporação disse que a confusão envolveu três alunos, durante a formatura geral, quando um dos estudantes teria pedido aos colegas que "colaborassem com a disciplina". Neste momento os rapazes teriam iniciado a agressão contra o adolescente.
Ainda de acordo com a PMDF, diante da situação, o monitor interveio e "deitou por cima do adolescente agredido, que se encontrava no chão, a fim de protegê-lo. Entretanto, os outros dois alunos continuaram as agressões, inclusive contra o policial militar", diz o comunicado enviado ao Correio.
Após o horário das aulas, estudantes de diversas turmas se reuniram em frente à unidade em protesto. Aos gritos, os estudantes bradavam "Fora PM". Jovens, que não quiseram se identificar detalharam o espisódio. "Eles foram muito violentos. Quando começou a confusão, jogaram o menino no chão. Nunca tinha visto isso. Sei que ele se machucou e outro ainda levou uma cotovelada e saiu sangrando", contou um estudante.
Revoltadas, mães de alunos também compareceram à escola na manhã e início de tarde desta sexta-feira. "Nossos filhos estão aqui para estudar e não para apanhar. Os policiais não podem agir dessa forma. É um absurdo", reclamou uma mãe, que, por medo, também preferiu se manter em anonimato.
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Comissão de Direitos Humanos
Ainda na manhã desta sexta-feira, membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) estiveram no CED 7, após receber denúncias referente à ação militar dentro da unidade. Segundo o presidente da comissão, deputado Fábio Felix, a justificativa da direção da escola e dos policiais para a atitude, considerada excessiva pelo distrital, foi a de "separação de briga entre alunos".
"A CDH repudia a atitude e informa que adotará todas as medidas institucionais cabíveis, inclusive acionando o Ministério Público para que se manifeste acerca dessa arbitrariedade e grave violação de direitos. A atitude dos policiais e a desproporcionalidade da força aplicada mostram o despreparo das pessoas envolvidas no projeto de militarização do GDF. São cenas deploráveis e inaceitáveis e que atestam a nossa posição de falta de qualquer planejamento e inaptidão dos profissionais que deveriam proteger os estudantes", disse Fábio, em nota.
No início do mês, a Comissão de Direitos Humanos da CLDF instituiu o
Observatório da Militarização das Escolas justamente para colher denúncias sobre a postura de militares dentro das unidades educacionais do DF. "Não aceitamos a atitude violenta, ainda que seja usada como justificativa para conter brigas entre os estudantes", reforça o presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF .
Leia a nota da PM na íntegra
"Foi registrada, na manhã de hoje (26), uma confusão no CED 07 de Ceilândia. Durante uma formatura geral, iniciou-se uma confusão entre três alunos, após um dos envolvidos pedir aos colegas que colaborassem com a disciplina. A partir deste momento, dois alunos começaram a agredir o adolescente.
Imediatamente, o monitor identificou a confusão e na tentativa de apartar e afastar os agressores, deitou por cima do adolescente agredido que se encontrava no chão a fim de protegê-lo. Entretanto, os outros dois alunos continuaram as agressões, inclusive contra o policial militar.
Em seguida, os outros monitores intervieram na briga e foi necessário imobilizar os agressores. Como da violência resultaram aparentes lesões, os envolvidos serão encaminhados à Delegacia da Criança e do Adolescente"
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