Cidades

Mais de 300 pessoas se reúnem em quadra onde jovem morreu eletrocutado

Gustavo Nogueira, 18 anos, jogava futebol no local quando se apoiou na grade e recebeu a descarga elétrica. Socorristas fizeram as manobras de ressuscitação, mas ele não resistiu

Bruna Lima
postado em 12/06/2019 16:19
Mais de 300 amigos e vizinhos protestaram na quadra onde o jovem morreu eletrocutado "Gustavo presente" O grito de dor e indignação dos mais de 300 amigos e vizinhos ecoou na quadra de esportes onde o jovem Gustavo Nogueira de Souza, 18 anos, perdeu a vida, na noite de terça-feira (11/6), após ser eletrocutado enquanto jogava futebol com os colegas, na EQNM 38/40, em Taguatinga.

No chão da quadra, a irmã mais nova e amigos escreveram homenagens a Gustavo. A frase "Eterno Xuxa", apelido pelo qual era conhecido, ficou em destaque, próximo ao local onde o jovem foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os paramédicos passaram aproximadamente 40 minutos realizando a ressuscitação cardiopulmonar, mas a vítima não resistiu.

"Eu amava meu irmão tanto, tanto, tanto. Era uma alegria estar em família, em casa. Mas, agora, minha mãe está devastada lá em casa e eu queria ele de volta. Então, o que eu queria dizer é: deem valor à vida, a cada um que está a sua volta", discursou, emocionada, a irmã de Gustavo, de 11 anos.

Gustavo estava no segundo ano do ensino médio
Os amigos mais próximos do jovem se abraçaram no centro da grande roda que se formou na quadra. "Eu só queria ele de volta. E todo mundo aqui também. Ele era uma pessoa incrível, não tinha quem não gostasse dele", afirmou Vinícius Veras, 17 anos.
A mãe de Vinícius, Diana Veras, contou que a presença de Gustavo na casa dela era rotineira e se emocionou ao falar do jovem. "Estou me colocando no lugar dessa mãe, porque tenho pelo Gustavo um carinho muito grande. Um menino que teve um futuro brilhante interrompido pelo descaso." Após as palavras, Diana puxou uma oração em homenagem ao jovem e pedindo forças para a família dele.
Mais de 300 amigos e vizinhos protestaram na quadra onde o jovem morreu eletrocutado

Problema recorrente

Não é a primeira vez que uma pessoa é eletrocutada na quadra de esportes da EQNM 38/40. Os relatos de choques são inúmeros e os moradores da região garantem: "Nós cansamos de acionar a CEB (Companhia Energética de Brasília), pedir por melhorias na quadra, relatar especificamente que os fios do poste estavam energizando toda a quadra. Há um mês, eu mesmo liguei para a CEB depois que eu e vários colegas levamos choques enquanto jogávamos bola. Teve caso de uma criança que chegou a ficar grudada e só não morreu porque a mãe conseguiu tirá-la a tempo. Era uma tragédia anunciada", afirmou o marceneiro Pedro Leite, 29.

A quantidade de vídeos gravados por moradores na tentativa de comprovar o problema e pedir por solução é grande. O Correio teve acesso a pelo menos seis registros, o mais antigo deles feito há quatro meses. "A comunidade inteira estava sujeita a isso. Jogo bola aqui desde sempre e nunca vi ninguém fazendo melhorias na quadra. É culpa do Estado, mas também de pessoas que vandalizam o local", desabafou o estudante Matheus Sousa, 24 anos.
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A CEB informou que trabalha em conjunto com a Secretaria de Segurança do DF e que foi aberto inquérito para apuração dos fatos. Garantiu, ainda, que vai executar uma completa revisão das condições de segurança nas quadras esportivas da região. A CEB determinou a "implementação de algumas medidas de segurança para resguardar a população do risco de choques elétricos". "Uma delas é a soldagem das janelas de inspeção existentes nos postes de aço de iluminação pública. Esses acessos têm sido alvo constante de subtração e vandalismo, o que resulta em fios expostos e aumenta o risco de acidentes", afirmou.
As investigações serão conduzidas pela 17; Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte). O corpo de Gustavo já foi liberado para a família. O velório está marcado para esta quinta-feira (13/6), a partir das 11h. Gustavo cursava o 2; ano do ensino médio e era o mais velho dos dois filhos do casal, que mora próximo ao local do acidente.

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