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Brasilienses vão prestigiar bandas da cidade no festival Rock in Rio

Capital Inicial e Raimundos, no Palco Mundo, e Dona Cislene e Lupa tocarão no Palco Supernova. Com expectativa de 420 mil turistas, candangos também farão parte do público, estimado em 700 mil pessoas

Adriana Izel
postado em 05/09/2019 06:00
Em 3 de outubro, a banda Lupa subirá ao palco Supernova marcando a presença brasilienseA edição de 2019 do Rock in Rio terá um gostinho especial para os brasilienses. Quatro bandas candangas estão confirmadas no line-up oficial do evento, que começa em 27 de setembro e segue com programação até 6 de outubro no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. Raimundos, comandado por Digão ; que até hoje vive na capital federal ; e Capital Inicial, de Dinho Ouro Preto, estarão no Palco Mundo, o principal do evento. A surpresa fica por conta de dois grupos da nova geração do rock brasiliense, Dona Cislene e Lupa, que foram anunciados esta semana como atrações do mais novo palco do festival, o Supernova.

Uma iniciativa do Rock in Rio em parceria com Filtr Live, plataforma de shows da Sony Music, o espaço receberá 35 atrações nacionais em um palco que mede nove metros de altura, projetado em uma área elevada e com vista privilegiada dentro da Cidade do Rock. A curadoria buscou artistas que tivessem um público cativo em shows e uma relevância nas plataformas digitais. Tanto Dona Cislene quanto Lupa receberem o convite há cerca de dois meses, mas tiveram que manter segredo até o anúncio oficial do festival.

;Há uns dois meses, a gravadora Sony Music nos falou do projeto. De cara, aprovamos e gostamos da ideia. De lá para cá, estávamos negociando com eles. Então, ficamos dois meses guardando esse segredo;, lembra o guitarrista Guilherme de Bem, da Dona Cislene. Com passagem por festivais como Porão do Rock, João do Rock e Vaca Amarela, a banda se diz honrada com a oportunidade de tocar em um dos maiores festivais do Brasil, representando a música de Brasília. ;Foi muito legal. Estamos honrados. A ficha ainda não caiu. Quando recebemos a notícia ficamos muito felizes;, lembra.

Fundada ainda na época em que Bruno Alpino (voz e guitarra), Guilherme de Bem (guitarra), Pedro Piauí (baixo) e Paulo Sampaio (bateria) estudavam juntos em uma escola do Plano Piloto, a Dona Cislene se tornou uma banda oficialmente em 2013, quando começou a produzir o álbum Um brinde aos loucos, lançado em 2014. A apresentação no Rock in Rio, prevista para 28 de setembro, mesmo dia em que Foo Fighters, Weezer, Tenacious D e CPM 22 %2b Raimundos sobem ao Palco Mundo, ocorrerá na semana em que a banda lançará um álbum, TempoRei, que terá o primeiro single lançado nesta sexta-feira (6/9) nas plataformas digitais.
Dona Cislene representará a capital no Palco Supernova, em 28 de setembro

;Quando chegou a notícia de que íamos tocar no dia do Foo Fighters, banda da qual todos nós somos fãs, aí a gente desabou mesmo. Foi choro para todo lado. Além de tocar no Rock in Rio, vai ser no dia da nossa banda favorita e do Raimundos, com quem aprendemos muito. Estamos bem ansiosos, e isso tudo cair na mesma semana... Está sendo perfeito;, define Guilherme de Bem. No show, o grupo fará um passeio pelo repertório dos dois primeiros álbuns, Um brinde aos loucos e Menino & leões (2017), com canções do novo material.

Em 2013, Múcio Botelho (vocal e guitarra), André Pires (teclas, percussão e voz), João Pires (bateria), Victor Fonteles (guitarra) e Lucas Moya (baixo) formaram a Lupa, e, como boa parte das bandas de rock de Brasília, ela nasceu entre amigos, que nem nos maiores sonhos, imaginavam estar no Rock in Rio como atração, em vez de público. Este ano, o grupo sobe ao Palco Supernova em 3 de outubro, mesma data em que Red Hot Chili Peppers, Panic! At The Disco, Nile Rodgers & Chic e Capital Inicial se apresentam no Palco Mundo. ;Lançamos o primeiro disco há dois anos com um financiamento coletivo. Rodamos o Brasil tocando nos maiores festivais. Mas isso aqui é o ápice do sonho de qualquer artista, qualquer pessoa neste país que um dia tenha segurado numa guitarra, cantado uma música... É inacreditável;, define Múcio Botelho.

O convite para o Palco Supernova veio primeiramente por e-mail. O quinteto ;quase infartou; com a notícia, mas teve que guardar segredo até o anúncio nesta semana. ;Estávamos segurando esse negócio aqui entalado na goela. Agora estamos em êxtase e loucos para tocar lá. Esse é o show mais importante da nossa vida. É um sinal de que tudo está dando certo;, completa. Para a apresentação, a Lupa prepara um show com o repertório de Lupercália (2018) e os mais recentes singles Bixinho, E se não der pra esperar? e Oi. ;Vamos tocar também duas inéditas, mas não podemos deixar de cantar Oi, primeiro single que lançamos com a Sony e que tem mais de um milhão de plays nas plataformas digitais;, adianta.

Palco Supernova ; Rock in Rio

; 28 de setembro (Alt Rock): Dona Cislene, Bullet Bane, Ponto Nulo no Céu, Maglore e Vivendo do Ócio.
; 3 de outubro (Indie, Alt Rock e Pop Rock): Lupa, Menores Atos, Big UP, Braza e Bula.

Público brasiliense


A expectativa da organização do Rock in Rio é receber, entre 27 de setembro e 5 de outubro, um público de 700 mil pessoas. Desse valor, estima-se que 420 mil sejam de turistas, entre eles, brasilienses. É o caso da professora de inglês Lisa Sousa Veit, 24 anos, moradora de Sobradinho. Ela retorna pela segunda vez ao festival. Em 2017, ela assistiu à apresentação dupla da banda Maroon 5, que substituiu a ausência de Lady Gaga. ;O que me motivou a ir à edição deste ano, além das atrações, foi a dimensão, a diversidade do festival e o mundo que eles criam. Mesmo para quem não conhece os artistas ou se não é fã incondicional das grandes atrações, é um festival que oferece muito entretenimento e, se você for fã, o aproveitamento é ainda melhor;, afirma.

Lisa estará em dois dias do festival: 3 de outubro, mesma data da Banda Lupa, e 5 de outubro. ;Estou muito ansiosa para o show do Panic! At The Disco, Pnk! e Black Eyed Peas, além de Red Hot Chili Pepers e Charlie Puth. Queria poder ir em tantos outros dias. Sou fã de muitas outras bandas e artistas que ficaram em dias espaçados e, como vou em grupo, tivemos que negociar para todos ficarem felizes;, completa.

Outra brasiliense que está com a passagem comprada para um dia de Rock in Rio com a presença de candangos no palco é a estudante de serviço social Renata Costa, 18 anos, moradora de Águas Claras. ;Estou esperando muito o show do Foo Fighters, porque sempre escutei muito com o meu pai e ele vai comigo. Além disso, ainda é o dia do aniversário dele, então vai ser bem importante para gente;, explica. A jovem ainda cita a presença do grupo brasiliense Raimundos: ;Gosto muito da banda e acho que vão ser bons shows (fazendo referência ao fato de que a banda estará lado a lado com o CPM 22);.

Yan Siqueira volta ao Rock in Rio após ir às últimas edições no RJ e em LisboaMorador da Asa Sul, o estudante de psicologia Yan Siqueira, 24 anos, é outro candango que estará no Rock in Rio. Ele esteve na edição de 2017 no Rio de Janeiro e do ano passado, em Lisboa (Portugal). ;O festival nunca deixa nada a desejar, sempre tem muitas opções de bandas, a estrutura é ótima. Estou indo no dia 28 para ver Foo Fighters, Tenacious D e Weezer. Estou com ótimas expectativas;, conta.

Siqueira vê com bons olhos a presença de grupos de Brasília no festival. ;A importância é gigante! Tenho em mente que o Rock in Rio é muito seletivo e conservador sobre quais bandas vão compor o line-up, então, se duas bandas aqui do DF estão lá, é porque estamos conseguindo produzir bandas novas com materiais bons. A cena do rock autoral de Brasília tem crescido e cada vez mais temos bandas mostrando suas composições. Deixo aqui meu manifesto para que a população do DF preste mais atenção aos artistas locais e os incentivem para que mais bandas do DF possam continuar a compor o line-up do Rock in Rio futuramente;, diz.

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