Jornal Correio Braziliense

Cidades

Inquérito de Luciana Ferreira será enquadrado como feminicídio

O crime está enquadrado em homicídio qualificado pela emboscada, motivo fútil e feminicídio. O suspeito continua internado no Hospital de Base

Nove dias após o assassinato da servidora pública Luciana de Melo Ferreira, 49 anos, o caso é confirmado como o 33; feminicídio do Distrito Federal. De acordo com o delegado Ricardo Viana, chefe da 3; Delegacia de Polícia (Cruzeiro), as investigações e o inquérito serão finalizados até terça-feira (31/12).
O acusado é o vigilante Alan Pinto de Jesus, 45 anos, ex-namorado da vítima, que está internado no Instituto Hospital de Base, desde 23 de dezembro, com traumatismo cranioncefálico (TCE). Como ainda não teve alta, ele será interrogado lá mesmo, ainda nesta segunda-feira (30/12). De acordo com o delegado, provas robustas o condenam. O crime está enquadrado em homicídio qualificado pela emboscada, motivo fútil e feminicídio.
Luciana e Alan namoraram durante quatro meses. Em outubro, Luciana rompeu o relacionamento. Ela já havia denunciado Alan por violência doméstica, depois de um episódio em que ele jogou o carro em que ambos estavam contra uma árvore. Alan chegou a ser preso, mas foi liberado com a condição de usar uma tornozeleira eletrônica. A justiça também o proibiu de se aproximar da vítima, dos familiares dela, do apartamento, e do local que ela trabalhava.
Relembre o caso
O assassinato aconteceu em 21/12, porém, o corpo da vítima só foi encontrado pela filha de Luciana dois dias depois. Em dezembro deste ano, Luciana decidiu autorizar a retirada da medida, uma vez que ela acreditava que Alan não voltaria a procurá-la. O delegado Ricardo Viana acredita que o crime tenha sido premeditado.
Imagens das câmeras de segurança do prédio em que a vítima vivia, no Sudoeste, registraram o momento em que Alan chegou encapuzado no apartamento dela, duas horas antes do crime. Ele conseguiu abrir a porta com uma senha e esperou escondido nas escadas, até que Luciana chegasse, às 22h32.
Em seguida, ele foi ao apartamento dela e, 17 minutos mais tarde, deixou o prédio com uma bolsa de cor escura e sem encostar na fechadura da portaria. A Polícia acredita que ele tentou simular um latrocínio. O corpo de Luciana foi encontrado com 40 perfurações feitas por um objeto pequeno. Ainda não se sabe qual a arma usada no crime, mas a polícia continua as buscas para encontrá-la, além dos pelos pertences levados por ele.
O corpo de Luciana foi sepultado na quarta-feira, 25/12, no Cemitério Campo da Esperança.

1 - ONDE PEDIR AJUDA?

Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência ; Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República

Telefone: 180 (disque-denúncia)

Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)

; De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h

; Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina

Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)

; Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul

(61) 3207-6172

Disque 100 ; Ministério dos Direitos Humanos

Telefone: 100

Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar**

Telefones: (61) 3910-1349 / (61) 3910-1350

2 - O QUE É FEMINICÍDIO?

Reconhecido como crime hediondo desde 2015, o feminicídio consiste no assassinato de mulheres por razão de gênero. Conhecer as nuances e as características que envolvem esse tipo de violação, é fundamental para ter um enfrentamento efetivo e evitar que existam novas vítimas.

3 - VOCÊ SABE QUAIS SÃO OS TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER?

Nem todos sabem, mas a violência contra a mulher vai muito além de agressões, estupros e assassinatos. A Lei Maria da Penha sancionada em 2006, classifica em cinco categorias os tipos de abuso cometido contra o sexo feminino, são eles: violência física, violência moral, violência sexual, violência patrimonial e violência psicológica.

Além das violências físicas mais conhecidas como as agressões, estão também enquadradas na primeira categoria ações como atirar objetos com a intenção de machucar a mulher, apertar os braços, sacudi-la e segurá-la com força.

A violência moral está atrelada ao constrangimento que o agressor pode causar a vítima como expor a vida íntima do casal para outras pessoas e o vazamento de fotos íntimas na Internet. Calúnias, difamação ou injúria também fazem parte desse tipo de violência.

Diferentemente do que muitos podem pensar, a violência sexual não se resume a forçar uma relação íntima. Obrigar a mulher a fazer atos que a causem desconforto, impedi-la de usar métodos contraceptivos, ou a abortar, também são considerados formas de opressão.

Controlar os bens, guardar ou tirar dinheiro sem autorização da mesma, e causar danos de propósito em objetos são alguns exemplos de violência patrimonial.

Por fim, a violência psicológica consiste em diminuir a autoestima da mulher, sendo com humilhações, xingamentos, desvalorização moral que implicam em violência emocional. Tirar direitos de decisão e restringir liberdade também fazem parte da última categoria.

Fonte: Agência Patrícia Galvão

*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Nader