Familiares e amigos se despedem de TT Catalão

Corpo do jornalista e poeta é velado, na manhã desta sexta-feira (3/1), no Espaço Cultural Renato Russo. Sepultamento será às 16h no cemitério Campo da Esperança

Correio Braziliense

postado em 03/01/2020 12:11

Familiares, amigos e admiradores se reúnem, na manhã desta sexta-feira (3/1), no Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, para se despedir do jornalista e poeta Vanderlei dos Santos Catalão, o TT Catalão. Ele morreu, na madrugada de quinta-feira (2/1), aos 71 anos, por insuficiência renal. 

O local da despedida não é um acaso. Hoje uma referência de fomento à cultura, em Brasília, o Espaço Cultural Renato Russo é um dos muitos legados deixados por TT Catalão para a cidade. O espaço foi criado e gerido por ele, em 1993, quando trabalhou na Secretaria de Cultura. Como homenagem, a biblioteca de gibis do espaço – uma das iniciativas de Catalão – receberá o nome do jornalista.

 

De acordo com o Secretário de Cultura Bartolomeu Rodrigues, a pasta quer perpetuar a memória do escritor, no cenário cultural brasiliense para que ele continue “presente na forma de fazer cultural, de luta na valoração das nossas tradições, da nossa identidade, que é o que nos define como cidadãos e como seres humanos”. 

 

Filho de TT Catalão, Gabriel Lessa lembra com carinho e admiração os ensinamentos deixados pelo pai, dando destaque ao amor, segundo ele, a maior característica do poeta. "Ele deixou o aprendizado de sempre vivenciar a vida e os movimentos culturais. Ele sempre defendia essa ideia de que a cultura é indispensável do amor, e tinha este sentimento. Tanto que se pode ver isso aqui hoje. Muitas pessoas, de diferentes lugares e culturas, que compareceram para a sua despedida", diz. 

Amigo de Catalão, o maestro Rênio Quintas, lembrou o perfil libertário e consciente do jornalista, sempre atrelado aos ideais da arte. “Ele fez a diferença na sua passagem aqui. Conseguiu concretizar, nos movimentos dele, o ideário de uma liberdade inteligente, que buscava um caminho para libertar e desenvolver o ser humano”, contou.

O poeta, cantor e compositor Renato Mattos também prestou sua homenagem a TT Catalão, na manhã desta sexta. “É dos maiores poetas que conheci porque ele não precisava fazer poesia. Qualquer crônica e reportagem do TT dava prazer de ler porque tinha o ritmo poético. Ele falava da realidade, mas com poesia. Sem se preocupar com a rima porque o ritmo estava na semântica do que ele escrevia”, disse. “Era admirável e vai fazer muita falta aqui no nosso cenário. Mas o que ele está deixando é um legado fantástico, que tem que ser bem aproveitado”, completou.

 

O ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg destacou a importância do jornalista e poeta para o fomento à cultura da capital federal. “Foi um dos caras que mais estimulou a diversidade da cultura em Brasília. Aqui, estão pelo menos, três gerações de pessoas que conviveram com ele. Dos mais velhos a jovens, quem está aqui teve, no TT, um grande estímulo”, disse. 

 

A cerimônia teve ainda a bênção do índio Junior Xuxuro.

 

Sepultamento 

TT Catalão será enterrado na ala dos pioneiros do cemitério Campo da Esperança. O pedido veio do governador em exercício, Paco Britto. Em nota oficial, o governador afirmou: “Brasília chora e lamenta a morte de TT Catalão, poeta, músico, visionário, figura marcante na cultura de Brasília, que nos deixa mais pobres, embora suas palavras continuem vicejando. (…) Mas o luto pelo poeta não sufoca a poesia. Como diz um de seus mais conhecidos poemas: “Ah/ esta solidão celular/ ter tantos ao meu alcance/ e não ter com quem falar”.

O presidente do clube dos pioneiros, Roosevelt Beltrão, declarou que a autorização para o espaço de destaque à TT Catalão seria fornecido ao poeta independentemente das demandas do governo. "O pedido pesou, mas não foi determinante. A escolha foi por ele ser pioneiro e nosso amigo. Era uma pessoa espetacular e muito querida por todos", disse.

* Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader