Cidades

Religioso preso praticava abusos na própria casa em Ceilândia

O homem de 31 anos se passava por pai de santo de um terreiro de umbanda, em Águas Lindas (GO) e fez, pelo menos, quatro vítimas

Correio Braziliense
postado em 15/01/2020 11:46

As investigações do caso estão sendo conduzidas pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) O homem preso na última terça-feira (14/1), por abusar sexualmente de mulheres em Ceilândia, cometia os crimes dentro da própria casa. Alegando ser pai de santo, ele atraiu, pelo menos, quatro mulheres, entre elas uma adolescente de 14 anos, para a residência, dizendo que em vidas passadas elas tinham um relacionamento amoroso com o Exu Veludo. Caso não tivessem relação sexual com a entidade, elas poderiam sofrer infortúnios.

 

O primeiro caso foi registrado em outubro passado por meio da mãe da menor. Ela teria desconfiado da história uma mulher que ficou grávida no terreiro, localizado em Águas Lindas (GO), e observou que para atrair a moça, o suspeito usou a mesma justificativa para a filha dela. Ela chegou ao terreiro à procura por uma orientação espiritual para a filha. Como o suspeito se apresentou como pai de santo, a mulher confiou nele.

 

"Ele foi até a casa da família da menor e disse que precisava levá-la para a casa dele, porque tinham santos para ajudar no trabalho espiritual. Na residência, ele praticava o abuso", disse a delegada-chefe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Sandra Melo.

 

Em outro caso, ele abusou de uma moça com 16 anos, à época. Hoje, maior de idade, ela resolveu denunciar. As ocorrências começaram a ser registradas no fim do ano passado, no entanto, os abusos teriam iniciado em 2016. Algumas mulheres eram vítimas desde aquele ano. "Os casos aconteceram em períodos diferenciados, mas ele agia da mesma forma com todas elas", conta da delegada.

 

Uma das vítimas relatou ter ficado grávida após ser abusada pelo líder religioso. Ele teria a induzido ao aborto por meio de remédios. Ao registrar o abuso, ela passou por exame de corpo delito e foi comprovado que ela esteve grávida em algum momento, mas o laudo não precisou o período exato. A polícia continua investigando se o suspeito engravidou a vítima. 

 

O homem foi preso preventivamente na casa dele, em Ceilândia. Caso seja condenado, pode responder por violação sexual mediante fraude. A Polícia Civil apura se nesse caso ele será indiciado por aborto provocado por terceiros. Juntando os dois crimes, ele pode cumprir pena de 20 anos. 

Religião

Membros da comunidade afro-religiosa do grupo Defensores do Axé no Distrito Federal assinaram juntos uma nota de esclarecimento, em que pedem a investigação do caso e esclarecem que a comunidade “não coaduna com o errado e com atividades que afrontam os direitos individuais de cada indivíduo”.

 

“Esse ato, assim como se apoiar em religiões de matriz africana, dizendo que estava incorporado, isso não existe no nosso sagrado”, alerta o Ògan Luiz Alves. Ele explica ainda que, apenas ter ingressado no candomblé não torna a pessoa automaticamente um pai ou mãe de santo. 

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