Cidades

Motoboys marcam manifestação após blitz combinada em aplicativo

Os motociclistas alegam sofrer perseguição policial. Em nota, a PMDF esclareceu que as operações são rotineiras e visam prevenir acidentes no período chuvoso

Correio Braziliense
postado em 22/01/2020 13:30
Após agressão a um entregador de aplicativo por um policial militar em frente a um condomínio na QI 12 de Taguatinga Norte, motoboys marcam manifestação nesta sexta-feira (24/1) Após confusão entre o motoboy Davi José Trindade Santos, 21 anos, e um policial militar em frente a um condomínio de Taguatinga Norte, imagens de conversa entre militares, retirada de aplicativo de mensagens, mostram um acordo feito entre os policiais para abordarem motoboys em fiscalizações.
 
No grupo intitulado de União Pela PMDF e CBMDF, um integrante escreve: "Por mim, abordar todos os motoboys de Brasília e cumprir a risca o código de trânsito seria melhor de que o protesto". 

A divulgação da conversa assustou os motociclistas, que decidiram convocar outra manifestação, nesta sexta-feira (24/1), às 11h, no Eixo Monumental. O movimento busca: respeito ao trabalho prestado pelos motoboys, melhores condições de trabalho e mais segurança e amparo do Estado.
 
Conversa em grupo de policiais mostra participantes combinando blitz para motoboys Luciano Silva, 40 anos, um dos organizadores da paralisação, explica que o principal objetivo é impedir que haja perseguição à classe pelos policiais. "Ontem estava impossível de trabalhar. Em uma das seis vezes que fui parado, no Recanto das Emas, um dos policiais abriu o lanche de entrega para olhar", relatou o motorista de aplicativo. "Não temos nada contra a PM, mas depois desse episódio em Taguatinga, há represálias sobre nossa classe", reclama. 
   
Um motociclista que não quis se identificar afirma que o movimento não tem relação com ocorrido no domingo (19/1). "A maioria de nós achou desnecessário a atitude dele, pois havia uma vaga na frente. Ele poderia empurrar a moto, evitando confusão", aponta. "Mas também não aprovamos a atitude do policial, que agiu de forma truculenta, e nao estava em serviço", completou.
 
Para ele, um dos problemas enfrentado nas entregas é de a falta de áreas específica para estacionamento. "Quando tem, é um local inseguro. Corremos o risco de deixar o veículo lá e depois não encontrar mais", conta. 
 
Em nota de esclarecimento, a PMDF informou que as operações de pontos de bloqueio são rotineiras e visam garantir a segurança dos próprios motociclistas em relação aos itens obrigatórios, além de prevenir acidentes. "A PMDF destaca que as operações são planejadas de acordo com estudos sobre os altos índices de acidentes envolvendo motocicletas, nestes períodos (chuvosos). As medidas da Corporação são preventivas e pautadas na legalidade."

Motoboy solto 

Depois da confusão em Taguatinga, Davi Santos foi solto em liberdade provisória nesta quarta-feira (22/1), após audiência de custódia. Para a juíza Lorena Alves Ocampos, a conduta dele não demonstrou perigo nem significativo abalo da ordem pública. “Ainda, o indiciado possui apenas 21 anos, é primário, possui bons antecedentes, possui residência fixa no distrito da culpa e trabalho lícito. Não há indicativos concretos de que o suspeito pretenda furtar-se à aplicação da lei penal, tampouco que irá perturbar gravemente a instrução criminal”, afirmou.  


Correio teve acesso a um trecho de conversa em grupo, onde Davi explica que comprou a moto de um homem pelo Facebook. "Ele me passou o DUT (Documento Único de Transferência) e os documentos, todos regularizados. Jamais eu estaria rodando em uma moto clonada, ainda mais a trabalho", declarou. 

Relembre o caso

Preso na segunda, o entregador de aplicativo foi agredido por um policial militar armado na noite de domingo (20/1), em frente a um condomínio na QI 12 de Taguatinga Norte. A discussão ocorreu após o motoboy se negar a retirar a moto da frente do prédio.  
 
Em vídeo da câmera de segurança do prédio, é possível visualizar o momento em que o motobou chega no prédio. Às 20h26, Davi estaciona a moto em local proibido, em frente ao edifício. Ao ver a cena, o porteiro pede para que ele tire o veículo de lá. O pedido é negado. Às 20h30, o motorista de aplicativo volta ao local e acende um cigarro. Novamente o porteiro tenta solicita a retirada da moto. Depois de um tempo, o policial aparece para intervir na situação. Durante todo o vídeo há movimentação de moradores do prédio. Após insistência, um carro da polícia chega para retirar o motoboy do local. 
  
 
  



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