Cidades

Ainda é carnaval! Encontro dos blocos encerra a folia na capital

A ressaca da festa momesca levou no sábado brasilienses às ruas e só deve terminar neste domingo, com o esperado Encontro dos Blocos, programado para ocorrer a partir das 13h, no Parque da Cidade

Correio Braziliense
postado em 01/03/2020 06:00
Nem a mudança de data desanimou os foliões do bloco Divinas TetasMesmo depois da quarta-feira de cinzas, o brasiliense continua procurando os blocos de rua. Sábado (29/2), debaixo de chuva, foliões curtiram o carnaval de rua, que ocorreu em vários pontos da cidade. Em frente à Funarte, no Eixo Monumental, o bloco Divinas Tetas reuniu milhares de pessoas de todas as idades. Mesmo com a mudança da data, a festa superou as expectativas dos foliões, que deixaram o gramado colorido e alegre. 
 
Divinas Tetas completa cinco anos homenageando a Tropicália, movimento cultural brasileiro que surgiu sob as influências artísticas de vanguarda. Ao som de cantores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, entre outros, o público aplaudia e cantava alto canções que marcaram a história do país. Ano passado, o evento reuniu mais de 20  mil pessoas. 
 
O bloco estava previsto para sair  segunda-feira de carnaval (24), no gramado da 207 Norte, mas, após reclamações dos moradores da quadra, o evento precisou ser adiado. No entanto, a mudança da data não interferiu na animação de quem participou da folia. Para alguns, a alteração foi positiva. A servidora pública Letícia Lina Lima, 42 anos, estava viajando durante a semana e perdeu a folia de rua da capital, mas ontem conseguiu participar do Divinas Tetas. 
“Eu amo o carnaval de rua. Acho democrático e, em Brasília, está cada vez melhor. Existe animação, pessoas fantasiadas. Eu sempre uso alguma coisa, como acessório e glitter. O importante é participar”, disse.  A servidora foi à folia com o ex-marido e a filha deles, Lina Lima, 6. “Somos fãs. Semana passada, estive em outros e foi muito legal. Hoje (ontem), não foi diferente”, destacou o procurador federal Clóvis Ferreira, 41.
 
O arquiteto Gustavo Cantuária, 45 anos, participa todos os anos com os filhos, Sofia Cantuária, 12, e Alexandre Cantuária, 9. Para ele, essa foi uma oportunidade de o carnaval se estender um pouco mais. “A gente gosta muito, porque é um ambiente família e tranquilo. Tanto eu quanto as crianças conseguimos nos divertir. Ano que vem, estaremos de novo, com certeza”, disse.
 
 
 
Fantasiada de banhista, Sofia aproveitou a festa para reunir os artigos que tem em casa e misturar com roupas coloridas e muito brilho. “Gosto de cores e roupa confortável. Estou gostando muito e pensando na fantasia do ano que vem também”, contou a menina.
 
Outros foliões, no entanto, sentiram o evento mais vazio. A estudante de engenharia de produção Júlia Sá, 23, acredita que além da alteração, a chuva pode ter afastado os foliões. “Eu não deixaria de vir de jeito nenhum. Vim preparada, com capa de chuva e tudo. Eu amo esse bloco e não poderia deixar que qualquer coisa me fizesse faltar. Mas, infelizmente, as mudanças impediram muita gente de vir”, disse.
 
A DJ Tamara Maravilha, 32, uma das atrações do evento, ressalta que muita gente se programou e criou expectativas para a primeira data. “É um bloco muito querido e de tradição. O repertório agrada  a muita gente, pra cima, com mensagens alegres. É um bloco referência. Mas,de  ainda assim, com menos gente, é um sucesso”, afirma a música. 

Inclusão

Pela primeira vez, o bloco Filhas da Mãe saiu em Brasília. A festa, realizada na 405 Norte, foi organizada por integrantes do Coletivo Filhas da Mãe, coordenado por mulheres cuidadoras de idosos com demências e Alzheimer e que buscam políticas públicas de cuidado e de envelhecimento. A aposentada Emília Veras, 72, é uma das componentes do movimento e explica que um dos objetivos é reunir aqueles que se dedicam a outra pessoa . “É uma missão para nós, sermos cuidadores.  Esse evento é para aqueles de quem  nós cuidamos e para nós também”, disse.
 
Ela foi para o bloco com a mãe, Palmira Priscilinha, 94, que tem Alzheimer há sete anos. Animada, a idosa, embora sentada em cadeira de rodas, aproveitava a festa. “Ela fica sempre muito feliz. Abraça todo mundo, sorri para todo mundo. Para mim, é gratificante estar aqui, oferecendo isso para ela”, declara.
 
Ely Esteves Alves, 83, estava feliz da vida. Com Alzheimer há oito anos, ele disse que ama o carnaval e gosta de aproveitar todas as músicas. “Eu topo qualquer negócio”, brincou. A mulher dele, a professora Teresa Araújo, 73, lembra que, há poucos meses, o marido teve início de depressão, por sempre ficar em casa. “Começamos a levá-lo para atividades em centros de convivência e hoje ele está bem melhor. É importante, mesmo com a doença, continuar tendo contato com as pessoas. Isso aqui é uma ótima oportunidade para nós e para ele também”, completou.
 
Em grande estilo

Brasilienses curtiram a ressaca da folia no último dia do Carnaval no Parque de 2020. O evento, neste ano, ocorreu no estacionamento do ginásio Nilson Nelson e contou com programação eclética que incluía axé, sertanejo, forró, funk, samba e eletrônico. Passaram pelo palco da festa nomes de peso da cena musical do país atualmente, como  Saulo, Harmonia do Samba, Banda Eva, Safadão, Zé Neto & Cristiano, Gusttavo Lima, É o Tchan e Jorge & Mateus, além de atrações locais. A estrutura complexa montada para o evento contou com atrações gastronômicas refinadas e com proposta de redução do impacto ambiental, com programa de lixo zero. 

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