Correio Braziliense
postado em 26/04/2020 17:40
"As pessoas não estão levando a doença a sério, mas deveriam", lamenta Camila Gontijo, 39 anos, filha mais velha de Celina Xavier Gontijo, 63, 27ª vítima do novo coronavírus no Distrito Federal. A moradora de Águas Claras faleceu neste sábado (25/4), após 25 dias internada em unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital das Forças Armadas (HFA).
Embora a Secretaria de Saúde tenha informado que a paciente tinha distúrbios metabólicos, a família nega. "Minha mãe não tinha nenhuma comorbidade, nenhum problema de saúde. Ela era muito saudável", afirma a bancária.
Segundo a filha, a mãe estava em isolamento e não saia de casa. "A última vez que a vi, foi uns 15 dias antes da quarentena, quando ela veio me visitar para fazermos o imposto de renda", recorda. "A gente não sabe de fato o que aconteceu nem onde ela se contaminou, mas é uma doença muito cruel e, dia após dia, foi cada vez mais difícil".
Camila conta que a mãe apresentou os primeiros sintomas em 21 de março: apenas coriza, como se estivesse gripando. Uma semana depois, Celina passou a ter febre, por volta de 37,5 ºC. "Pensamos que fosse uma sinusite e ficamos com medo dela ir imediatamente ao hospital. Contudo, como ela começou a ter muito cansaço e fadiga, insistimos para que fosse".
Em 31 de março, Celina deu entrada na UTI. "Do momento que ela foi entubada, não apresentou nenhuma melhora significativa. Por isso digo, se eu puder deixar uma mensagem para as famílias, é para que cuidem uns dos outros", destaca.
"Ficar em casa não é muito bom, ninguém gosta, mas é a única forma de preservar quem se ama. É a maior prova de amor que a gente pode dar para os nossos vizinhos, filhos, netos, mas, principalmente, pais e avós", pede Camila.
Celina deixa três filhos, dois netos e uma bisneta. "Está sendo muito difícil, e a saudade é muito grande, mas estou em paz, porque fica o legado dela: muito amor e união. Ela vai fazer falta, mas o céu hoje está em festa".
Profissão
Celina era servidora aposentada da rede pública de ensino do DF, tendo atuado no Plano Piloto e em São Sebastião. O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) divulgou uma nota. "Apaixonada pela educação, Celina passou a paixão para o filho, professor de música da Escola de Música de Brasília. Devido às preocupações decorrentes da pandemia, o corpo será cremado. O Sindicato dos Professores presta toda sua solidariedade à família e aos amigos neste momento de dor".
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