Correio Braziliense
postado em 25/05/2020 13:40
O hospital de campanha instalado no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha registrou a morte de, pelo menos, um paciente este fim de semana, segundo relatos de servidores ao Correio. A unidade começou a receber casos confirmados de covid-19 na sexta-feira (22/5). Com estrutura referenciada pelo Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), o espaço conta com 197 leitos voltados para o combate do novo coronavírus — 173 de enfermaria sem suporte de oxigenoterapia, 20 de suporte avançado e quatro de emergência.Fontes ouvidas pela reportagem, contudo, detalham dificuldades encontradas pelos profissionais de saúde. Na lista de queixas, faltam itens e instrumentos do carrinho de parada cardio-respiratória, máscaras N95, balas de oxigênio e reagentes para o gasômetro, que verifica a quantidade de oxigênio no sangue do paciente. "Estamos incomunicáveis. Falta comunicação e não para de chegar paciente. Na sexta-feira foram dez, entre eles três graves e três leves. Tivemos que pedir uma bala de oxigênio para a ambulância do HRAN. Diante da situação três servidores pediram demissão", descreve o funcionário que não quis se identificar.
Procurada, a Secretaria de Saúde (SES-DF) nega o óbito relatado por servidores e afirma que a informação de falta de equipamentos não procede. “A unidade conta com quantidade suficiente de todos os itens mencionados (desfibriladores, kit de intubação e máscaras). O hospital também possui rede de gases e balas de oxigênio para todas as necessidades”, pontuam. Sobre a demissão de funcionários, a pasta confirma que apenas um colaborador pediu desligamento, mas “já foi substituído no mesmo plantão, sem afetar o atendimento”. A unidade conta com 134 profissionais de saúde efetivamente contratados.
O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do DF recebeu queixas sobre as condições de trabalho dos funcionários. Entre elas, um relato de que “não tem banheiro químico, o único banheiro é dentro do Mané Garrincha e, mesmo assim, temos que ficar atrás do guarda, porque o estádio fica trancado no cadeado. Não houve fornecimentos de alimentação, somente água. Faltam insumos, como luvas, algodão e álcool. Trabalhamos sem dignidade”. Denúncias sobre a falta de estrutura para atendimento também foram repassadas à Comissão de Direito à Saúde da Ordem dos Advogados do DF (OAB/DF).
Tanto o sindicato quanto a comissão farão vistoria esta semana no hospital de campanha para apurar a situação.
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