Correio Braziliense
postado em 15/06/2020 19:55
O procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios que apure criminalmente os fatos que ocorreram na última semana no Hospital Regional de Ceilândia. Em ofício, ele pede a investigação da agressões e ameaças a profissionais da saúde que atuam no combate à covid-19. O documento foi entregue, nesta segunda-feira (15/6), para a procuradora-Geral de Justiça, Fabiana Costa, e seguiu para a Promotoria de Ceilândia, que vai investigar o caso.
Na última terça-feira (9/6), Tacio Rogério, 46 anos, fez uma live em frente ao Hospital de Ceilândia. No vídeo, ele reclama do atendimento prioritário a pacientes com o novo coronavírus e se exalta com uma profissional. Em um determinado momento, ele xinga a médica. “Sua louca, doente”, pouco depois, volta a insultá-la. “Vai se internar. Arruma um psiquiatra para essa mulher. Sua petista. Sai daqui, pão com mortadela. Prefiro ser Bolsonaro do que uma petista”, disse em vídeo que circulou nas redes sociais.
Em entrevista ao Correio, Tacio afirmou que também foi xingado e que apenas um trecho do vídeo está circulando nas redes. Segundo ele, a live tinha a intenção de chamar a atenção do Governo do Distrito Federal sobre a realidade no HRC. “Esse hospital tem história. Agora é só covid. Só covid. É lamentável essa situação. Os moradores de Ceilândia merecem respeito. E queremos nosso pronto-socorro de volta. Para amanhã. Para ontem. Não é para daqui a 60 dias não”, disse.
Para o procurador-geral da República, Augusto Aras, condutas como a de Tacio colocam em risco a integridade física dos profissionais que “se dedicam, de forma obstinada, a reverter uma crise sanitária sem precedentes na história do país”. Dessa forma, ele pede a investigação e que, caso necessário, o autor seja responsabilizado criminalmente pelos próprios atos.
Aras também encaminhou um ofício ao Ministério Público do Estado de São Paulo, onde solicita a apuração da invasão no Hospital de Campanha do Anhembi, em 4 de junho.
Em nota, a Secretaria de Saúde repudiou toda e qualquer forma de desrespeito e ameaças dirigidas a seus profissionais. A pasta também esclareceu que as mudanças no Hospital Regional de Ceilândia foram baseadas no cenário epidemiológico do Distrito Federal, no qual a região de Ceilândia aparece com o maior número de casos de covid-19.
A secretaria ainda ressaltou que, em nenhum momento, o pronto-socorro do HRC permaneceu fechado, mas em transição, com remanejamento de pacientes para outras unidades.
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