Cidades

Coronavírus: Rastreamento de casos é essencial, diz professor da UnB

Em entrevista ao CB Poder, professor Jonas Brant analisou os erros dos governos no Brasil e DF na contenção da doença e o que ainda pode ser feito

Correio Braziliense
postado em 22/06/2020 16:55
Para professor, Brasil errou ao tirar investimento em pesquisa nos últimos anosJonas Brant, epidemiologista e professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que o Distrito Federal precisa fazer mais que isolamento social para controlar o coronavírus. Em entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília, o professor explica que o governo erra ao não investir em rastreamento de contatos para pessoas infectadas. “Somente com a detecção de cada caso e o rastreamento dos contatos é que podemos isolar esse vírus e conter a transmissão. Com o isolamento que fizemos até aqui reduzimos o tamanho da curva e evitamos a sobrecarga nos serviços de saúde, mas não vamos conter a transmissão da epidemia”, disse.

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O epidemiologista, que também é coordenador da Sala de Situação da UnB, explica que um isolamento social bem feito com rastreamento de casos poderia parar a transmissão do vírus em 14 dias. “Foi o que aconteceu na Europa, que já estão abrindo. Lá eles conseguiram adotar as medidas de isolamento social com bastante rigor e fortalecer a testagem e rastreamento de contatos para conter a transmissão”, contou. Para o epidemiologista, o DF perdeu uma oportunidade, já que foi umas das primeiras unidades da federação a adotar o isolamento social e poderia, além de ter preparado sua rede de assistência, ampliando o número de leitos de UTI, também ter investido no fortalecimento da atenção primária e das equipes de vigilância para rastrear os casos.

Jonas afirma ainda que os governantes erraram ao não transmitir uma mensagem clara para a população, dando a impressão de que a situação está melhorando e por isso as atividades comerciais estão abrindo, quando na verdade a situação está piorando. “Não conseguimos criar um alinhamento sobre as mensagens e ações a serem adotadas. Além disso, a categoria de profissionais da saúde não foi levada em conta na decisão do que deveria ser feito, e nós gastamos muito tempo com medidas que cientificamente não têm evidências de que funcionam”, completa.

Investimento em pesquisa


Para o coordenador, outro erro foi o Brasil ter diminuído o investimento em pesquisa nos últimos anos. “O mundo inteiro está correndo atrás de remédios e tratamentos para o coronavírus, mas no caso do Brasil é mais difícil porque a gente tirou investimento da ciência nos últimos anos. É a ciência que pode nos ajudar a enfrentar esse desafio, e a falta de investimento na pesquisa básica e aplicada colocou o Brasil como consumidor da tecnologia de outros países. Agora temos que esperar outros países desenvolverem a tecnologia para depois comprarmos a preço de ouro”, lamentou.
 
Veja abaixo a íntegra da entrevista: 
 
 
 
 

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