Segundo Aline Macedo, 31 anos, uma das organizadoras do ato, a manifestação é uma tentativa de chamar a atenção do governador Ibaneis Rocha (MDB) para a pauta. Ela afirma que o grupo buscou ajuda do Ministério Público, mas não obteve respostas significativas. "Esses órgãos, geralmente, negociam coisas pequenas. Nós queremos, principalmente, a volta das visitas. Já que está abrindo comércio, devem abrir a visitação", diz.
Os manifestantes afirmam que os sistemas virtuais adotados como alternativa para comunicação pelos presídios não funcionam. Além disso, reclamam da falta de privacidade. "As vídeo-conferências são feitas com agentes ao lado do preso, e o tempo, de 3 minutos, é muito pouco. O que eu consigo falar para o meu familiar em 3 minutos?", indaga Aline.
Os manifestantes também afirmam que tentaram enviar mensagens pelo número disponibilizado pela Secretaria de Segurança Pública, mas não obtiveram resposta. Aline ressalta que a volta do presencial, não necessariamente, implica em perigo para os presos. "Queremos a volta com segurança, com todas as medidas de prevenção para evitar a disseminação do coronavírus."
Neide Padilha, 54 anos, aposentada, está com o filho preso há 12 anos. Ela afirma que ele foi contaminado pela covid-19 e ela só ficou sabendo quando ele saiu do isolamento de dentro do presídio. "Aqui tem mães doentes por preocupação com os filhos. Precisamos que o governo faça algo para dar segurança para vermos os nossos familiares. Meu filho foi contaminado e mesmo com ele doente, eu não tive nenhum contato, nenhuma noticia", afirma.
Os manifestantes foram atendidos pelo assessor especial do governador, Franklin Roosevelt, que recebeu a pauta e disse que vai enviar para a secretaria do governador do DF e tentar um atendimento. "Serão atendidas por alguma secretaria ou pelo próprio governador, ainda estou organizando."
Claudiane Oliveira, 30 anos, não vê o marido desde 5 de março. No presídio, ele foi contaminado pelo novo coronavírus e mesmo assim ela não conseguiu se comunicar com ele. "O advogado que avisou. Não consegui falar com ele pra saber se ele tava bem. O sistema virtual não funciona, não temos resposta", alega.
Sistema on-line
Por decisão da Justiça, as visitas a presídios estão suspensas desde 11 de março, até 20 de julho. A juíza titular da Vara de Execuções Penais (VEP), do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Leila Cury, prorrogou a suspensão, considerando "altamente temerário submeter as pessoas privadas de liberdade ao contato com a sociedade extramuros, onde a quantidade de contaminação e de óbitos pela doença provocada pelo vírus covid-19 já ultrapassou muitíssimo aquelas ocorridas dentro dos presídios", como afirmou na decisão.