Cidades

HUB se adapta para garantir armazenagem e segurança das vacinas anti-covid

O Hospital Universitário de Brasília faz adequações para receber a imunização contra o novo coronavírus produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. Pesquisa da Universidade de Brasília é coordenada com o Instituto Butantan, que recebeu as doses na segunda-feira

Cerca de 850 profissionais da saúde do Distrito Federal serão os primeiros a receber as doses administradas pela Universidade de Brasília (UnB) — a instituição será responsável por testar a vacina contra a covid-19 produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, a chamada CoronaVac. Os testes devem ser iniciados assim que o Hospital Universitário de Brasília (HUB) tiver condições para o armazenamento adequado do produto. Caso seja comprovada a eficiência da vacina, o Brasil receberá, até o fim do ano, 60 milhões de doses para distribuição.

As pesquisas da UnB fazem parte de um estudo coordenado pelo Instituto Butantan, em São Paulo, que recebeu cerca de 20 mil doses da vacina na noite de segunda-feira. A universidade informou adéqua o laboratório do Hospital Universitário de Brasília (HUB) para receber as doses. Vacinas precisam ficar em salas frias, com temperaturas específicas para a composição de cada uma. Além disso, Walter Ramalho, professor de epidemiologia da UnB, acredita que a maior preocupação é com a segurança do material. “Além do ambiente adequado, precisamos pensar em como evitar vandalismos e possíveis furtos devido à importância do item”, explica.

A vacina chinesa é inativada, ou seja, incapaz de causar a doença, e aplicada em duas doses, com o intervalo de 14 dias. Segundo o professor, após a aplicação das doses, os pesquisadores observarão a produção de anticorpos nos voluntários e verificarão se a vacina cumpre o propósito. “O nosso sistema imunológico produz células de resposta ao vírus, conhecidas como anticorpos. Depois da dose da vacina, é preciso observar a quantidade de anticorpos que cada voluntário produzirá e a resposta do corpo ao agente externo”, explica Walter.

O estudo da UnB é coordenado pelo professor Gustavo Romero, pesquisador do Núcleo de Medicina Tropical da universidade, e conta com a parceria do Setor de Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológica do HUB. Segundo Gustavo, a pesquisa prevê o acompanhamento dos participantes por um ano após a vacinação. “Fazemos uma comparação do número de casos de infecção pelo coronavírus vista ao longo do período de observação entre o grupo dos participantes vacinados e o grupo dos participantes que receberam placebo. Em poucas palavras, por meio do número de infecções que a vacina consegue evitar no grupo dos participantes vacinados”, detalha. “Os detalhes sobre o desenvolvimento do protocolo serão divulgados oportunamente, assim que se tenha a data de início da inclusão de participantes no estudo”, acrescenta.

Perfil dos voluntários

Os pesquisadores da UnB aplicarão as doses em 850 profissionais de saúde de Brasília. É preciso que os candidatos tenham mais de 18 anos, estejam saudáveis e que não tenham sofrido infecção assintomática ou a doença causada pelo novo coronavírus, além de estarem no atendimento direto a pacientes com a covid-19. As mulheres não podem estar grávidas ou planejarem uma gravidez nos próximos três meses. Os candidatos também não podem ter doenças instáveis ou que precisem de medicações que possam alterar a resposta do sistema imunológico.

Segundo a UnB, não há uma data certa para a chegada das doses a Brasília. Quando o HUB estiver em condições de receber e armazenar o material, a instituição anunciará a forma de cadastramento de possíveis candidatos a participarem da pesquisa.